Logo descobrimos porque esse hotel estava disponível e tão barato: as duas estradas que tentamos pegar estavam interrompidas por queda de ponte ou destruição da própria estrada. Desistimos e seguimos para outra cidade onde havia alguns hotéis: lotados!!!
Durante essa procura passamos por diversas cidades - lembramos de Rutland e Barre - onde se podia testemunhar o estrago feito pelo Irene: casas e pontes destruídas, estradas, lavouras, campos de golfe e de futebol cobertos de areia de rio. Muito triste e assustador. Não se consegue imaginar o desespero que deve ter acometido os habitantes dessa região, mas só de ver já deu um aperto no coração. Especulamos inclusive que os hotéis estejam lotados por desabrigados e pessoal trabalhando na recuperação das cidades e estradas destruídas.
Já eram quase 18h00, estava começando a escurecer e bateu o medo: não podíamos confiar em GPS nem mapa pois nunca saberíamos onde apareceria outra estrada interrompida, então resolvemos voltar correndo para terreno conhecido: Twin Mountain, cidade a uns três quilômetros de Bretton Woods - isso só para não ficar no mesmo motel da noite anterior ;-))
Ligamos para fazer uma reserva usando a rede WiFi de um dos hotéis lotados - e a bateria do celular também estava acabando - e nos metemos novamente na estrada. Foi o segundo trecho noturno em toda a viagem -chegamos depois das 21h no hotel - e mais tenso que aquele da Venezuela: nós que passamos semanas na esperança de ver um alce agora passamos duas horas e meia torcendo fervorosamente para que nenhum alce ou outro animal cruzasse nosso caminho nas estradas secundárias sem movimento algum que percorremos. Ainda mais quando a dona do hotel se despediu do telefonema de reserva dizendo exatamente isso: "cuidado com os alces!".
Chegamos ao hotel e ainda conseguimos achar um restaurante aberto para comer uma salada e uma sopa imensamente necessárias: além do café da manhã tudo que havíamos comido o dia inteiro foi um cachorro quente num posto de gasolina no caminho. E o desgraçado estava apimentadíssimo, a ponto de lembrarmos dele por mais de meia hora após partirmos do posto. Argh! Quem diz que a linguiça apimentada no Brasil é forte ainda não comeu esse hot dog.
Bem, devidamente acomodados no muito confortável hotel, descobrimos que teria sido muito fácil evitar todos esse desgaste: bastaria ter entrado no Google com "quechee gorge irene" e ficaríamos sabendo que a garganta está entupida de bujões de gás e outros objetos. Mas nos baseamos na página oficial do parque onde fica a garganta, e nesse site não há uma palavra sequer sobre danos.
14/09/2011 - Quarta-feira: Twin Mountain, NH - Boston, MA
Nosso destino hoje era casa de Megan Page e Reginaldo Barosa, em Boston - na realidade Quincy, uma cidade perto de Boston. Regi foi colega de trabalho na IBM Brasil e mudou-se para os EUA há uns 12 anos. Logo que ficou sabendo de nossa viagem nos convidou a passar por lá e ficar na casa deles. O encontro era algo que já desejávamos, e ficamos ainda mais felizes com a hospitalidade.
Depois do dia super-desagradável de ontem, começamos este muito bem: pegamos a Kankamagus Highway, uma estrada que vai de Lincoln a Conway, ainda no estado de New Hampshire. Ela atravessa a National White Mountains Forest, com alguns gostosos trechos de serra e vegetação já amarelando para avisar que o outono está chegando.
Dali tomamos a rodovia 153 em direção ao sul, onde tivemos a oportunidade de ver algo novo: uma prainha no vilarejo de Eaton, que é particular: não tem cercas nem grades mas havia uma placa indicando que só pode ser usada por moradores na localidade ou que fossem pagantes dos impostos locais. Sempre aparece algo novo...
Dali resolvemos acelerar a tocada e pegamos uma auto-estrada. Paramos para almoçar em um simpático restaurante em Hampton, Tavern 401, e por coincidência um candidato a algum cargo político apareceu por lá para fazer sua propaganda, com todo aquele séquito - nada muito diferente do Brasil - posando para fotos, cumprimentando os eleitores e fazendo que estava comendo um belo prato de frutos do mar e uma lagosta. Quando ele foi embora veio a garçonete com um pratinho de frutos do mar - ostras, lagosta e camarões - e colocou em nosso mesa: cortesia da casa, já que o cara não havia nem tocado no prato. Muito obrigado!