Bem, com esse guia e uma picape 4x4 cabine dupla fomos até uma aldeia calunga (quilombolas) perto da qual deixamos a picape, atravessamos o rio a pé e seguimos por aproximadamente quatro quilômetros de caminhada e um quilômetro de trilha leve até a cachoeira. Bem, nessa ida já começou a aventura: na aldeia, onde é necessário pagar uma taxa de visitação, um outro guia disse que passaria o rio para economizar os quatro quilômetros de caminhada para suas clientes. Nosso guia disse que não arriscaria e deixaria o carro do lado de cá do rio. Quando chegamos ao rio lá estava o utilitário (Kia) do rapaz, já do outro lado do rio, mas lindamente atolado na areia da margem do rio.
Depois de tentar empurrar o carro para a frente os dois guias desistiram e o nosso puxou o carrinho de volta pelo rio (com uma corda amarrada na picape) e ele foi embora: as clientes desistiram de visitar a Santa Bárbara. Durante esse procedimento todo demos uma olhada nos pneus do utilitário: eles tinham menos de 1 milímetro de sulco! E o cara teve coragem de enfiar um carro nessas condições num barranco arenoso de rio! Os pneus do nosso carro também não estavam perfeitos, mas pelo menos nosso guia foi mais cuidadoso.
Bom, encerrada a operação de resgate lá fomos nós para nossa caminhada. O trecho inicial é simplesmente uma caminhada ao longo dos quatro quilômetros de estrada que o carro percorreria se passasse o rio lá atrás. Depois vem a trilha, que inclui a travessia de dois riozinhos, uma delas atravessando uma pinguela de troncos de madeira e a outra andando pelo rio mesmo. Mas no todo é uma trilha realmente fácil.
Antes de chegar à Santa Bárbara visita-se a 'Barbarinha', uma queda menor mas onde as águas do poço também são cristalinas e esverdeadas. Essa conseguimos ver do jeito que deve ser. Praticamente no instante em que chegamos à Santa Bárbara, começou a chover! E foi uma belíssima chuva. Não só ficamos encharcados até os ossos como não se via mais nada além de água turva na própria cachoeira e no poço.
Depois de quase meia hora esperando a chuva parar, durante a qual comemos nossos biscoitos e frutas e tomamos bastante água para tornar a mochila mais leve na volta, decidimos que não adiantava continuar ali (mesmo que a chuva parasse não veríamos as cores da cachoeira) e iniciamos o retorno. Parou de chover, e como já estava tudo molhado mesmo, chapinhávamos alegremente pelas poças d'água do caminho, rindo dos cuidados que havíamos tomado na ida para não molhar os tênis.
Mas a alegria esmoreceu quando chegamos ao primeiro dos riozinhos que havíamos cruzado na ida: de riozinho ele não tinha mais nada! O Paulo (nosso guia) tentou atravessar levando uma corda para servir como guia mas desistiu: a correnteza puxava demais. Como havia parado a chuva, decidimos esperar com calma, pois da mesma forma como subira, o rio certamente desceria novamente. Demorou uma meia hora, mas depois disso o Paulo conseguiu atravessar a corda e nos ajudar a chegar à outra margem.
No segundo rio, a pinguela que na ida estava um bom meio metro acima da água, agora estava coberta pelo rio. Foi possível atravessar, mas com muito cuidado pois a água arrastava com força. Finalmente, no rio onde havíamos deixado o carro foi relativamente fácil atravessar (claro que sempre contanto com o apoio seguro da mão do Paulo), mas ficou claro que se tívéssemos atravessado de carro este ficaria do outro lado - sem chance de atravessar daquele jeito.
Bem, o resto foi uma viagem de volta muito cansativa, pois estávamos tensos e exaustos pela aventura - acabamos chegando à pousada à noite, lá pelas 19:00 horas (havíamos saído às 9:30 e nem visitamos a Capivaras, outra cachoeira prevista para a volta).
Mas valeu a aventura! E não podemos deixar de agradecer ao Paulo (Pardal) e à operadora Suçuarana pelo excelente serviço: o Paulo transmitiu muita segurança, e estava muito bem preparado para nos ajudar nessa situação.