Acabamos voltando para o hotel já à noite, depois de um dia muito gostoso - e a primeira vez que fizemos turismo de carro ao longo de toda a viagem.
27-30/10/2011 - Quinta-feira-Domingo: Houston / TX
Esses quatro dias foram de espera: só na sexta-feira a Schumacher nos forneceu informações mais precisas (incluindo preço) sobre o transporte da moto, e aí fomos obrigados a ficar até segunda-feira porque não haia mais tempo hábil para sacar dinheiro (das opções de pagamento dinheiro vivo era a única que podíamos usar) e fazer o pagamento.
Na quinta-feira dispensamos o café da manhã continental (bem fraquinho) do Hotel e fomos nos recordar de como era o do Denny's. Há uns 16 anos estivemos com nossos filhos a passeio por aqui, e tomávamos o café da manhã lá, pedíndo um prato para cada um. Hoje, percebemos que fazer isso é um exagero: não comemos mais tanto, e mesmo um dos pratos sendo o light, acabou sendo demais. Os anos passam, os costumes mudam...a idade vem chegando e não queimamos mais tanta energia, né?
A quinta e a sexta-feira foram gastas basicamente para fazer compras, particularmente malas: afinal temos que guardar toda a tralha de motociclismo que normalmente levamos no corpo: jaquetas, calças, botas, luvas e capacetes. Ah, e tentando entender a notícia recebida da Schumacher: a moto teria que ser transportada por mar, via aérea não seria possível.
Telefonemas e emails acabaram esclarecendo: quando se envia um veículo desacompanhado dos EUA, esse procedimento é visto pela aduana como uma exportação. E algo só pode ser exportado se tiver sido fabricado no país ou devidamente importado. E a moto não foi importada! Na fronteira até insistimos que deveria haver algum procedimento, carimbo no passaporte ou seja lá o que for para caracterízar a entrada da moto no país, e a resposta sempre foi que não havia necessidade de nada.
O que não sabíamos é que essa atitude parte do pressuposto de que a moto sairá da mesma forma: rodando, com o proprietário. Será que seria diferente se tivéssemos dito que não seria assim? Pelo que informou o representante da Schumacher, não: para ser importado o veículo precisa de aprovação da EPA (Environmental Protection Agency), que obviamente não tínhamos. Pela mesma razão não adiantava fazer o que sugerimos como alternativa: tocar atá Matamoros, no México, que fica a 640 km de Houston, sair e entrar de novo fazendo a importação.
A solução foi a Schumacher fazer uma falsa importação para depois poder exportar a moto. Problema: nem todas as aduanas americanas 'engolem' esse procedimento, e uma delas é a de Miami, por onde é escoado normalmente o transporte para o Brasil. O que eles acharam (provavelmente já fizeram mais vezes) foi um porto na Carolina do Sul (ou do Norte), por onde conseguem fazer a exportação.
A peça da moto também não chegou, de modo que partiremos sem que o serviço tenha sido feito: na segunda-feira, como já havia nos acontecido, a concessionária não abre.
Bem, se não há alternativa não adiantava gastar mais energia com isso: começamos a peregrinação pelos caixas automáticos para juntar o dinheiro, pois precisávamos de dois dias devido ao limite diário imposto pelos bancos. E o resto do tempo dedicamos a mais algumas compras, resolver alguns probleminhas técnicos na Apple e comer pela última vez algumas coisas que deixarão saudades, como lagosta e comida mexicana de verdade.
Fomos almoçar no Red Lobster para saborearmos a lagosta, e na mesa ao nosso lado estava um casal bem idoso e o senhor precisava orientar a esposa como fazer para descascar o camarão e outros procedimentos. Os dois levantaram e percebemos que tinham dificuldades para se locomover. E como tínhamos também terminado osso almoço, acompanhamos os dois para ver se eles estavam de carro. E estavam, realmente, numa Blazer ou coisa parecida. Eles deveriam ter bem mais do que 75 anos e com todas as dificuldades continuavam na direção de um veículo. É de espantar... e se vê muitas pessoas nessa situação.
A parte da comida mexicana foi fácil de resolver na área onde fica nosso hotel: é incrível o que se encontra de latino por aqui. Muitos outdoors têm a propaganda escrita em espanhol, restaurantes mexicanos e de outros países centro-americanos (nunca havíamos visto restaurante típico hondurenho) por todo lado. No domingo fomos a um que era tão voltado para o público latino que mesmo com nosso (meu) jeito de gringos a garçonete só falou espanhol conosco - pelo jeito quem entra ali tem que saber a língua... Comemos muito bem e barato: uma refeição com camarões, legumes, feijão, arroz, guacamole e tortillas, mais os nachos com molhinho apimentado que vêm como couvert, pagando U$ 10,00!
A locomoção pela cidade é feita por vias de trânsito rápido, mas saindo-se dessas vias, na região onde estamos hospedados, as ruas têm um asfalto bem fininho, sem calçadas, com terra ao lado da pista... é muito fácil achar que se está na América Central ou no México.
Há inclusive um supermercado chamado Fiesta, a uns quatro quilômetros da concessionária BMW, que é uma verdadeira “fiesta” mesmo: música em alto volume e cheio de cartazes e bexigas voando para chamar à atenção. E nos semáforos há pessoas vendendo água e com propaganda de consultas médicas naqueles cartazes pendurado no pescoço cobrindo a frente e a parte de trás do corpo da pessoa. Estamos chegando em casa antes mesmo de sair daqui.
No sábado fomos ao teatro assistir à apresentação de The Flying Karamazov Brothers. O teatro, Jones P. Hall, é muito bonito, o carpete vermelho é super fofinho, e suas intalações são muito bem conservadas. A apresentação foi muito boa, descontraída, pois os quatro misturam acrobacia, com humor, dança e música- foi uma noite divertida. E o horário é muito bom: 19h30 até às 21h30, volta-se tranquilo para casa, com tempo de ir jantar em horário razoável. Fomos de carro, que deixamos estacionado a uma quadra e meia, sem que ninguém nos perturbasse para guardar ou tomar conta do carro.
31/10/2011 - Segunda-feira: Houston / TX - Dallas / TX
E hoje realizamos nossa última viagem por terra nos Estados Unidos. Passamos na Schumacher para pagar o transporte da moto e definir alguns detalhes finais. Resumo da ópera: daqui a umas 5-6 semanas ela deverá chegar em Santos. E nós tocamos para Dallas para pegarmos o avião no dia 1º de novembro.
A viagem foi tranquila, com alguns aspectos interessantes: a área metropolitana de Houston é muito grande, rodamos o trecho inicial de mais de 60 quilômetros sempre com áreas comerciais ao longo da estrada. Só depois disso é que começou a área agrícola e pecuária. Como despedida vimos até um veadinho correndo ao longo da estrada pelo gramado e um lobo morto no acostamento. As áreas agrícolas são bem extensas, se espalhando muito além da estrada.
No meio da viagem paramos para abastecer num local onde há uma casa de defumados: Woody's Smoke House. Foi uma escolha sem nenhuma razão específica, mas se revelou excelente: eles oferecem uma variedade enorme de embutidos e de carnes secas / de sol, além de queijos, tortas doces e além de um pequeno buffet de carne na chapa, linguiça, frango, codorna, cebola crua, pepino em conserva e pimentão. E para completar um feijão muito, mas muito bem feito, tem muito brasileiro que não faz um feijãozinho tão saboroso como aquele. Não tinha arroz, o feijão se come como uma sopa. Pode-se sentar a uma mesa onde há pão de forma branco e preto do qual você pega quantas fatias quiser. Boa pedida!
Foi muito bom virmos para Dallas antes de voltarmos para o Brasil. Embora achamos que seria também bom ter ido até a Flórida pelo mesmo motivo: o trânsito é terrível! Às 16h as diversas vias de quatro pistas, e veja que são muitas vias mesmo, estavam com o trânsito super lento. Para percorrer 20 km levamos mais de 45 minutos, num anda e para de que não havia como escapar. Mas tudo com muito respeito, sem buzinas, sem xingamento, muito civilizado. E olha que a maioria dos motoristas são latinos. Foi bom, assim lembramos o que vamos pegar novamente em São Paulo.
01/11/2011 - Terça-feira: Houston / TX - São Paulo / SP
E cá estamos, sentados no saguão de espera do maior aeroporto do mundo, atualizando essa página e esperando para ver se embarcaremos ou não: nossas passagens são do tipo lista de espera, e temos que aguardar para ver se haverá lugar ou não no vôo. Opa, acabaram de mostrar na 'televisão' que nossos nomes foram liberados. Daqui a onze horas estaremos em Guarulhos, de volta a casa após 247 dias rodando por essa América. É uma volta diferente do que havíamos imaginado, mas que nos deixa emocionados e felizes por rever nossos filhos, nossa casa, amigos e nosso país.