Beth & Heinz Klein

(Moto)viagens

Diário de bordo -  Américas 2011: México (I)

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14/06/2011 - Terça-Feira: Bacalar - Palenque

O dia começou com o que se tornaria nossa batalha gastronômica diária no México: em função do que víramos no cardápio no dia anterior, voltamos ao mesmo restaurante onde jantamos para tomar o café da manhã. Pedimos um desajuno americano, que oferecia a opção de toucinho ou presunto para acompanhar os ovos. Pedimos ovos estrelados com presunto. O que veio quase nos derrubou da cadeira: além dos ovos mexidos com presunto, que não chegavam a comprometer, vieram arroz e feijão!
Ao redigir esse diário de bordo tomamos muito cuidado em sempre escrever norte-americano quando nos referimos a alguma coisa dos EUA, para diferenciar de americano. Pelo jeito aqui se aplicava o mesmo critério: esse prato era americano mas não norte-americano. E vejam na foto o detalhe do molho (picante) ao lado do prato!

Consumido nosso desayuno, voltamos para a estrada. Retornamos uns quinze quilômetros pela mesma estrada em que viéramos, para pegar a estrada de Chetumal a Villahermosa, da qual sai a estrada para Palenque. Essa segunda estrada também começa muito boa apesar de se tornar pista única pouco depois do ponto onde trocamos de estrada. O pensamento era um só: que maravilha agora vamos andar para valer, esses 480 quilômetros liquidaremos em umas cinco horas!

Nada feito: a estrada foi piorando, começaram a aparecer obras combinadas com caminhões que acabaram alongando a jornada para quase seis horas e meia. Mas ainda assim uma tocada muito mais produtiva que o que enfrentávamos desde Honduras.

A cidade de Palenque não oferece muito turisticamente além do sítio arqueológico. Optamos por ficar num hotel na entrada da cidade, de onde só saímos para comprar água e frutas no supermercado. Na realidade, como chocólatras inveterados que somos, procurávamos também chocolate, mas essa é uma coisa muito curiosa: desde a Colômbia que é muito difícil achá-lo. Até o Panamá ainda havia produtos da Garoto, mas fora esses só barras bem pequenas de Hershey's ou Danbury, mas a custos inacreditáveis - fácil, fácil, umas três vezes mais caro (preço por grama) que um tablete Garoto aí no Brasil.

Tem seu lado bom, já perdemos uns bons quilinhos, mas provavelmente vamos nos lambuzar quando chegarmos aos EUA.


15/06/2011 - Quarta-Feira: Palenque - San Cristobal de las Casas

Até sentarmos para o café da manhã ainda não havíamos decidido se visitaríamos o sítio arqueológico. Afinal já estivéramos em Copán e Tikal, e era tudo maia. Felizmente optamos por dar uma passada rápida (fomos de moto) por lá: é um sítio diferente dos outros dois, e vale a pena ser visitado.

Primeiramente ele é muito mais compacto: as edificações são muito próximas umas das outras. Além disso é bem escavado e estruturado, permitindo uma visita mais rápida. Nós nem subimos em nenhuma pirâmide, só rodamos os caminhos apreciando as construções, e em menos que duas horas havíamos visto praticamente tudo - só não fomos a uns dois pontos que ficam um pouco fora do núcleo.

Uma outra coisa diferencia esse sítio dos outros, e não é para melhor: é permitido a vendedores ambulantes de artesanato se instalar dentro do sítio. Por todo lado que se anda estão esses vendedores, não só poluindo visualmente o sítio, mas também assediando constantemente os turistas.

Voltamos para o hotel, nos vestimos e partimos para a jornada do dia. Ao decidirmos visitar o sítio arqueológico nosso raciocínio foi: fazemos isso de manhã e teremos a tarde toda para rodar tranquilamente os 220 quilômetros até San Cristobal. Ainda bem que terminamos a visita do sítio rapidamente e saímos um pouco antes do previsto!

Logo de cara a estrada começou muito travada, estreita, cheia de curvas e com carretas trucadas muito difíceis de ultrapassar. Começamos a refazer nossos cálculos, e concluímos que precisaríamos da tarde toda para esse trecho. Mesmo assim resolvemos parar em Agua Azul, que aparecia em muitos lugares como uma atração muito bonita, e era mesmo hora de dar uma parada para descansar. O que esses sites mostram é uma cascata e poço com água cristalina, azul cobalto.

Bem, a cascata é realmente muito bonita, mas se você for lá por causa da água azul informe-se antes: se tiver chovido a jusante da cascata nos três últimos dias a água será verde e turva. Continua bonita, mas não é o que se vê quando se pesquisa sobre esse lugar. E essa 'frustração' é agravada pelo fato de cobrarem M$ 35,00 por pessoa para entrar na área da cascata. Enfim, um bonito lugar para visitar desde que se esteja preparado.
Voltamos para a estrada e continuamos a luta com os caminhões, vans de passageiros e lombadas (aqui não são mais túmulos, são topes). Algumas dessas lombadas eram simplesmente inacreditáveis, duas vezes o cavalete da moto bateu numa. Ah, e para complicar mais, gente: há casinhas ao longo de toda a estrada, e a única forma das pessoas se locomoverem a pé é andando pela beira da própria estrada que, claro, não tem acostamento.

Um comentário sobre o comportamento dos motoristas em toda a América Latina que visitamos até agora: eles têm muita fé!
Não sabemos se é em Deus ou nos outros motoristas (provavelmente as duas coisas), mas as ultrapassagens que eles fazem em topos de lombadas e curvas totalmente cegas são absolutamente inacreditáveis. Claro que às vezes vem um veículo em sentido contrário, e essa é a parte mais incrível da coisa: de algum jeito todo mundo se arruma e a ultrapassagem é completada sem um acidente.

Chegamos a San Cristobal de las Casas totalmente esgotados, depois de quase seis horas de estrada para andar os tais 220 quilômetros. E ainda enfrentamos algo que constatamos ser relativamente comum em hotéis de nível médio para baixo aqui no México: só aceitar pagamento em dinheiro. Não andem por aqui só com cartão, não vai dar certo!
16/06/2011 - Quinta-Feira: San Cristobal de las Casas

Depois de nos recuperarmos do dia anterior - acordamos às 9h00 horas - fomos passear pela cidade. San Cristobal tem um centro histórico muito bonito, um pouco diferente do que já víramos nas outras cidades desse tipo: aqui o comércio funciona normalmente no centro histórico (nas outras cidades essa área é mais ocupada por hotéis, pousadas e restaurantes). Isso torna esse centro um pouco mais caótico, o que é agravado pelas calçadas inacreditavelmente estreitas em alguns pontos.

A parte turística, particularmente restaurantes e cafés se concentra em três trechos ruas reservadas para pedestres - marcados como andador no mapa da cidade. Quando a gente pensa que aprendeu que é peatonal, resolvem chamar de outra coisa.
O passeio foi muito bom, mas abreviado pelo que se tornou uma constante no México: à tarde chove! Lá pelas 16h00 voltamos para o hotel e ficamos o resto do dia trabalhando no site. Ainda saímos à noite para comer uma pizza meio estranha mas boa: ao invés de muzzarela eles usaram queijo gouda.

Ah, no almoço observamos algo que também é uma constante por toda a América Central e México: em muitos restaurantes e cafés toma-se um excelente espresso, na xícara a que estamos acostumados... mas com colheres de café! Até agora não encontramos um único local que tenha colheres de cafezinho. Chega a ficar complicado mexer o café com aquela colherona dentro da xícara pequena.


17/06/2011 - Sexta-Feira: San Cristobal de las Casas - Salina Cruz

Salina Cruz? O que é e onde fica isso? Também não sabíamos e descobrimos sem querer. Por partes: nosso objetivo nesse dia era Huatulco, um balneário na costa do Pacífico. Havíamos nos informado e tomamos a rodovia pedagiada para Tuxtla Gutierrez, capital do estado de Chiapas e primeira cidade maior no roteiro do dia.

Ao longo de nossa permanência no México verificamos que as rodovias pedagiadas aqui são basicamente estradas que permitem um deslocamento muito mais rápido, por não passarem pelos vilarejos e respectivos topes.  A estrada em si na maioria das vezes é pista simples, com asfalto razoável mas longe de perfeito.

Pouco depois de Tuxtla (cada nomezinho que encontramos por aqui) Gutierrez pagamos o preço por nosso desprezo por GPSs e não-aquisição de mapas dos países: numa bifurcação perguntamos a duas pessoas para onde seguir e recebemos respostas diferentes. Na falta de um terceiro para 'desempatar' resolvemos seguir a indicação do indivíduo que nos pareceu mais confiável. Errado!

Calculamos que perdemos pouco mais de uma hora e uns cem quilômetros antes de perceber que algo estava errado: queríamos ir para o norte, e de repente vimos uma placa apontando para Guatemala. Bem, podia ser o nome de uma cidade, mas achamos estranho. Pouco depois fomos parados num ponto de controle do exército, e aproveitamos para perguntar. Claro, estávamos errados.

Esses postos de controle do exército merecem comentários: todos os veículos têm que reduzir até quase parar, e o militar que está controlando decide se quer fazer uma verificação ou não. Essa verificação pode chegar ao ponto de abrir e revistar bagagem (aconteceu duas vezes conosco), mas eles não tiram o veículo da estrada para fazer isso: a fila vai crescendo lá atrás enquanto eles executam o procedimento sem a menor preocupação com a fluidez do tráfego. Bizarro!

Bem, voltamos para o caminho certo, mas a essa altura já tínhamos certeza de que não chegaríamos a Huatulco com luz do dia e decidimos parar em Salina Cruz, simplesmente por ser uma cidade que aparecia mais nas placas e portanto deveria ter hotéis. Essa suposição estava correta, mas curiosamente alguns dos que procuramos estavam lotados. Há algumas praias no entorno da cidade, mas não nos pareceu que ela pudesse ser tão procurada por turistas - era sexta-feira. É uma cidade que tem, óbvio, salinas, uma refinaria de petróleo grande e um porto para acompanhar, mas nada disso explica o movimento numa sexta-feira. Por outro lado há algumas praias, inclusive a Playa Brasil, pode ser que seja isso que atrai as pessoas.

Acabamos optando por uma pousada para lá de simples, infelizmente sem verificar detalhadamente o colchão. Depois de instalados fomos ver que acesso à Internet só no corredor, e quando nos deitamos percebemos que o colchão era daqueles em que as molas são cuidadosamente selecionadas para cutucar partes sensíveis do seu corpo. E a água quente era morna...


18/06/2011 - Sábado: Salina Cruz - Huatulco

Completamos o que devia ter sido feito no dia anterior, rodando os 120 quilômetros até Huatulco. Viagenzinha meio travada, pois o litoral do México desse lado é interessante: as montanhas começam bem perto da praia e a estrada sobe pela montanha e desce para chegar às praias, e assim vai a coisa por muitos quilômetros.

Algo que já observáramos em outros países em que se repete aqui: existem muitos taxis fazendo corridas fora das cidades, levando gente de um vilarejo para outro. Para nossa visão de um taxi e suas tarifas, é um pouco difícil imaginar alguém, principalmente gente mais simples, que é que usa esse serviço 'interurbano', tendo recursos para isso. Ainda não entendemos se existe algum subsídio ou como é que funciona essa função do taxi quase como substituto de transporte público.

Huatulco é um lugar muito interessante, desde que você curta muito praia, mar e sol. São nove baías, com pelo menos três praias em cada uma, com as mais variadas características. Algumas nem são acessíveis ou só de barco, mas há para todos os gostos. Quem quiser mais informações dê uma olhada em http://www.huatulco.com.mx/nueva%20imagen/lasbahias.htm.

Em torno dessas baías foram construídos dois tipos de complexos turísticos: principalmente na baía de Tangolunda, estabeleceram-se resorts de alto nível, o que resultou na privatização de algumas das praias. Na cidade de Crucecita e em seu redor estabeleceram-se hotéis de vários níveis, atendendo a todo tipo de público. Há também condomínios, de diferentes níveis.

É um complexo muito bonito, com praticamente todas as grandes vias de circulação cuidadosamente planejadas e com excelente paisagismo.

Infelizmente, mantendo a programação que nos acompanha desde que entramos no México, à tarde começou a chover, e deu para ver muito pouca coisa das praias. Durante a noite a chuva foi acompanhada de uma senhora ventania, que inclusive arrancou algumas árvores e derrubou galhos de outras.

No tempo que sobrou entre as chuvas ficamos sentados num banco da praça central de Crucecita (nosso hotel ficava ali) observando como a vida dessas cidades mexicanas (vimos o mesmo em outras) ainda gira em torno desses locais. Famílias trazem as crianças para brincar e comer o que é oferecido pelos ambulantes e artesãos vendem seus trabalhos.


19/06/2011 - Domingo: Huatulco - Oaxaca

Ao acordarmos vimos os resultados da ventania e ainda chovia. Decidimos que não adiantava continuar ali. Sem a menor pressa preparamos a bagagem e nos vestimos, afinal só tínhamos 280 quilômetros pela frente. Claro que a chuva já havia parado quando estávamos prontos para partir, mas pelo que choveu na viagem acreditamos que a decisão foi acertada.

Partimos e os primeiros trinta quilômetros foram parecidos com os do dia anterior, lentos mas sem maiores dificuldades. Em Pochutla fomos parados por um policial que queria fazer os controles de costume, incluindo revistar nossa bagagem. A moto estava na terra, numa posição que impedia baixar o descanso lateral (ele batia no chão antes de descer completamente) e no fim o policial desistiu da revista. Mas aproveitamos para perguntar sobre o trecho até Oaxaca, e a resposta dele nos assustou: quatro a cinco horas! Para 250 quilômetros??? "Sim, a estrada é na serra e tem problemas de deslizamentos devido à chuva.".

Bom, fazer o que? Mais cedo ou mais tarde teríamos que enfrentá-la. Vamos lá. Que viagem! Para os primeiros 127 quilômetros levamos três horas, com uma parada para vestir a roupa de chuva, que não tiramos até chegar em Oaxaca. Além de nos proteger da chuva essa roupa também nos aqueceu: não sabemos que altitude atingimos, mas a temperatura chegou a uns quinze graus, acompanhada da chuva e de neblina.

Nesse primeiro trecho acabamos parando para descansar num comedor fechado, pois não aguentávamos mais de cansaço. O problema é que não era fácil achar lugar para parar: os olhos estavam 100% grudados na estrada, e quando aparecia um desses comedores só o víamos quando já estávamos praticamente em frente a ele e o acesso normalmente envolvia um degrau para sair do asfalto - acostamento, claro, é totalmente inexistente.

Aliás uma sugestão para quem pretende viajar aos domingos no México: leve seu lanche! A maioria dos comedores e restaurantes ao longo da estrada estava fechada, inclusive nos postos de gasolina. Por outro lado acreditamos que viajar no domingo tenha tornado a viagem um pouco menos horrível: não queremos nem imaginar como seria essa jornada se ainda tivéssemos que dividir a estrada com trânsito comercial.

Depois de quatro horas e vinte minutos saímos da serra - foi uma delícia descer a última ladeira vendo o vale lá embaixo, e imaginamos que os 90 quilômetros faltantes seriam um passeio. Bem, comparado com os 185 anteriores pode-se dizer isso, mas ainda foram muito chatos: obras em trechos longos, topes para todos os gostos e travessia de cidades que reduziam muito a velocidade. Levamos mais duas horas para esse trecho.

Chegamos a Oaxaca totalmente esgotados, depois de um total de seis horas e cinquenta minutos para rodar 280 quilômetros.


20/06/2011 - Segunda-feira: Oaxaca

É uma cidade muito interessante, com um centro histórico que vale a pena conhecer, mas mesmo que não tivesse nada disso teríamos que ficar pelo menos um dia aqui: era o mínimo necessário para nos recuperarmos do dia anterior.

Estávamos numa pousada simples mas bem arrumadinha e limpa, com camas confortáveis, e começamos a analisar melhor os preços que vínhamos pagando. Concluímos (principalmente depois de conversar com um conhecido aqui do México) que os preços de hotéis aqui são muito variáveis de uma cidade para outra, dependendo bastante de relações de oferta e procura.

Nada de surpreendente, mas dificulta um pouco imaginar o padrão de um hotel baseado no preço. Por exemplo, em Salina Cruz ficamos num verdadeiro muquifo por M$ 380,00, e agora estávamos pagando M$ 480,00 por uma hospedagem significativamente superior. Em compensação pagamos M$ 450,00 em Bacalar por acomodações claramente inferiores às de Oaxaca.

Uma dúvida que tínhamos foi respondida nesse dia: na véspera, que além de domingo era Dia dos Pais. a praça principal, o Zócalo, estava apinhada de gente, com show de Mariachis e muitas outras coisas acontecendo. Ficamos nos perguntando se seria sempre assim. É! Apesar da cidade ser grande, capital do estado, fica uma clara sensação de que muita coisa gira em torno dessa praça, até porque alguns dos prédios públicos ficam nela.

Deu para dar um volta pela cidade, ver algumas das atrações turísticas - não estávamos muito a fim de museus naquele dia - mas para variar a chuva encurtou o dia. Mas conseguimos resolver uma pendência e ao mesmo tempo aprender como varia o vocabulário entre os países da América espanhola: queríamos cortar o cabelo e entramos num salão pedindo no nosso melhor portunhol para cortar o pelo. A cabeleireira imediatamente se prontificou para cortar nosso cabello. Assim não dá, quando se pensa que aprendeu eles mudam o nome!!!

Havíamos almoçado tarde num restaurante bem local perto do hotel, e no fim nem saímos para comer mais nada.


21/06/2011 - Terça-feira: Oaxaca - Oaxtepec

Estávamos em dúvida sobre ficar mais um dia em Oaxaca, mas de forma análoga a Huatulco optamos por seguir viagem: com a famosa chuva vespertina os dias rendiam muito pouco do ponto de vista turístico, e estamos com um pouco de pressa para chegar aos EUA: temos que confessar um certo cansaço com a América Latina, e não podemos atrasar muito nossa chegada ao Alasca.
Começamos o dia com um café da manhã num restaurante perto do hotel, e para não perder o costume fomos mais uma vez surpreendidos pelo que recebemos. O cardápio dava opções separadas para suco, café, torradas e assim por diante. Pedimos um omelete esperando que viesse simplesmente isso. Vejam o que aterrisou na nossa mesa.

E havíamos pedido três torradas para comer com manteiga e marmelada, sem saber que com o omelete viriam dois pães do tamanho de um pão de hamburger, mas mais 'cascudos' - não chegavam a ser pães franceses mas tinham uma casquinha boa.
Obviamente não dava para comer tudo aquilo, e a Beth aproveitou a salada e a manteiga para fazer sanduíches para a viagem. Qual não foi a surpresa quando o garçon não só ofereceu saquinhos plásticos como ajudou a embalar os sanduíches neles. Muito legal!

Dessa vez não quisemos nem saber da carretera libre (sem pedágio). Fizemos questão de pegar a carretera cuota, que é como chamam aqui as rodovias pedagiadas. Não pensem que estamos falando de estradas de pista dupla como a maioria das pedagiadas no estado de São Paulo. As rodovias com pedágio daqui são simplesmente estradas melhor conservadas, que não passam por pueblos nem cidades, de modo que se pode andar bem mais depressa. E é mais depressa mesmo: numa libre você tem que contar com uma duração de viagem de duas a três vezes maior que numa cuota.

E como se diz que tempo é dinheiro, essas rodovias confirmam isso em gênero, número e grau: foram US$ 30,00 para andar 500 quilômetros - é menos que nas estradas paulistas, mas também não estamos falando do mesmo padrão de estrada. E fica particularmente caro para a moto porque tudo que tem dois eixos paga a mesma coisa: desde a van de turismo de duas toneladas até a moto de 400 quilos todos pagam o mesmo:o valor para dois eixos!

Agora, achar o caminho nas estradas mexicanas não é muito fácil: a gente chega numa bifurcação ou saída, e há duas placas, cada uma apontando para uma das opções com o nome da cidade a que leva aquele ramo de estrada. Se você não tem um mapa para consultar ou uma lista ultra detalhada das cidades ao longo da estrada, é muito provável encontrar situações dessas em que não conhece nenhum dos dois nomes. E aí é que vem a confusão: nas duas placas consta o número da estrada em que se está trafegando: eles colocam o número da estrada não somente nela mas também nas saídas dela. E agora, como decidir para que lado ir? É meio complicado!

Bem, a viagem rendeu o esperado graças à rodovia pedagiada, apesar de mesmo pagando termos que parar algumas vezes em obras que tornavam a estrada de faixa única, com reversão. Acabamos fazendo uma bobagem nesse dia: ao chegar a Puebla vimos que conseguiríamos facilmente chegar à cidade do México no mesmo dia. Abrimos o micro onde havia informações para chegar ao hotel e as páginas de navegador que havíamos guardado haviam desaparecido. Na hora decidimos abortar essa idéia para não entrar na cidade no fim da tarde sem saber para onde ir.

Depois ficamos pensando que poderíamos muito bem ter ido e pago um taxi para nos levar ao hotel - ainda seria muito mais barato que pagar uma noite de pura espera. Mas enfim, não fizemos isso e acabamos num hotel bastante agradável em Oaxtepec, que escolhemos por total acaso - simplesmente vimos o hotel e decidimos parar.

O hotel tinha restaurante e acabamos comendo ali mesmo, para mais uma vez fazer uma constatação curiosa sobre a comida mexicana: primeiramente, temos que dizer que no geral comemos muito bem, com pouquíssimas situações de comida apimentada - normalmente o molho apimentado vem à parte, e fica a cargo de cada um temperar sua comida. Uma das exceções foi o frango apimentado que comemos no café da manhã em San Cristobal de las Casas. Comida salgada já é estranho no desjejum, mas apimentada é definitivamente demais.

Por outro lado, se você pede um grelhado - seja peixe, carne ou frango - o infeliz vem sem tempero mesmo! Nem sal eles colocam em quantidade satisfatória. Aparentemente o raciocínio é que se vai temperar o prato com os molhos que sempre aparecem sobre a mesa, e portanto não há porque temperar a carne. Muito estranho, se coloco molho o prato vira uma fogueira, se não coloco não tem gosto de nada!
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