Beth & Heinz Klein

(Moto)viagens

Diário de bordo -  África 2016

África do Sul - Kwazulu-Natal II

Próxima página
Próxima página
02/07
/201
6
-
Sábado
:
Durban - St. Lucia

Hoje, depois do café da manhã... Aliás, depois de Sossusvlei onde não conseguimos tomá-lo devido às excursões (mas que certamente era muito bom) este foi, de longe, o melhor café da manhã que encontramos até agora. O buffet quente tinha, além dos usuais ovos mexidos, bacon e linguiça (mas essas já com duas opções, bovina e frango), tomates, batatas, cogumelos e carne com chili. E, claro, você podia pedir os ovos como quisesse: estrelados, poché, cozidos.

Uma característica que observamos aqui é a pobreza de opções de pão. Apesar de existirem as opções (nós as vemos nos supermercados) os hotéis oferecem exclusivamente pão de forma (às vezes com opção de branco e centeio) e uma torredeira. Portanto, os croissants e scones (um pão doce originário da Inglaterra) oferecidos por esse hotel já eram uma demonstração da grandiosidade do café da manhã. Por outro lado, curiosamente esse foi o único hotel até agora que não tinha müsli entre as opções de cereal.

Bom, voltando ao fio da meada, depois do café da manhã fomos buscar o carro de aluguel que havíamos reservado para prosseguir a viagem por terra, voltamos para o hotel fechamos a conta e partimos. Ainda queríamos passar pela praia que dizem ser 'a praia' da região, mas acabamos perdendo a saída da auto-estrada e seguimos em frente.

Um detalhe do carro que alugamos: até agora todos os carros 'invertidos' (para mão inglesa) que alugamos, aqui ou na Inglaterra, tinham os comandos na mesma disposição do que estamos acostumados: luzes e pisca na alavanca da esquerda e limpados/lavador de parabrisas na alavanca direita. Já havíamos ouvido falar que existiam inversões aí também, e esse caro é assim. Que desastre: toda hora o limpador de parabrisas está sendo acionado por engano! E até o câmbio dele é esquisito:não lembramos de já ter dirigido um carro com a marcha a ré à direita e para trás. Carrinho muito esquisito!

Essa viagem foi um tanto diferente dos trechos anteriores. Primeiro, uma tremenda estrada de duas pistas, muito boa... e pedagiada. E graças a esses pedágios passamos por uma situação curiosa: eles foram ficando cada vez mais caros, e juntando a voltade de não pagá-los com uma inclinação que temos para pegar estradas secundárias para sentir melhor o ambiente local, mudamos a configuração do GPS para evitar pedágios. Após o recálculo ele disse que levaríamos uns 10-15 minutos a mais para chegar no destino, então topamos.

Saímos da estrada, pagando, claro, o pedágio de saída proporcional ao último trecho e entramos numa boa estrada secundária. Aí, depois de uns dois quilômetros, fomos desviados para uma estrada super-secundária, que poderia ser em qualquer região canavieira do Brasil: estradinha estreita, forrada de palha de cana (essa região é quase que exclusivamente canavieira) nos acostamentos.

Mas aí o GPS, não contente com isso, nos jogou numa estrada de terra! Imaginamos, como já aconteceu antes, que ele estava fazendo a ligação para outra estrada mais importante de forma 'pouco ortodoxa'. Bom, dessa vez ele caprichou: a coisa foi piorando, a estrada se transformou em rua atravessando pequenos vilarejos de camponeses, tão esburacadas que agarramos atrás de uma picape local e fomos seguindo o zigue-zague dela desviando das crateras.

E não tínhamos mais opção, pois não sabíamos se conseguiríamos voltar pelo caminho que fizéramos e dificilmente conseguiríamos explicar ao GPS que queríamos fazer isso. Quando já estavamos ficando realmente preocupados, apareceu no GPS a indicação de que dali a um quilômetro ou coisa parecida deveríamos virar à direita na N2. Uai, a N2, era a estrada de que saíramos!

Em resumo, o pedágio onde saímos era o último da rodovia, e o GPS nos fez rodar essa rota campestre para economizarmos US$ 0,50!!! Voltamos um par de quilômetros depois do pedágio e seguimos até o destino pela N2. Por isso que ele dizia que só precisaríamos de poucos minutos a mais...

E para chegar a St. Lucia também tivemos que pegar uma estrada secundária muito parecida com as estradas não pedagiadas do interior do Brasil: pavimentação média (não tem muitos buracos mas não é lisinha com são as estradas melhores aqui) e, na passagem pelas cidades e vilarejos velhas conhecidas nossas: lombadas! Esse pessoal aqui é muito chegado numa lombada.

St. Lucia é uma 'metrópole' de 600 habitantes, com menos de 20 ruas. Escolhemos por nos parecer um lugar adequado para descansar antes de iniciar o tour de moto, apesar dela ter em seu entorno diversos atrativos turísticos interessantes.

O B&B onde ficamos é muito agradável, com apenas três quartos e um ambiente realmente familiar. Além dos quartos há uma área comum em torno da piscina (os quartos abrem para essa área) e uma sala grande com televisão e sofás também à disposição dos hóspedes.

Nos instalamos e fomos comer nosso usual almojantar. St. Lucia tem uma interessante característica: por todo lado há avisos para tomar cuidado com hipopótamos. A recomendação é não sair a pé depois do escurecer, pois esses animais, que abundam no estuário que cerca a ilha, saem da água à noite e vêm 'passear' na cidade.

Quando terminamos de jantar já estava escuro, e ficamos nos perguntando se passaríamos pela experiência com os hipos, mas pelo jeito eles só vêm mais tarde, passeamos tranquilamente de volta para a pousada.


03-05/07
/201
6
-
Domingo-Terça-feira
:
St. Lucia

Apesar do objetivo de descansar em St. Lucia, acabamos fazendo muito mais turismo que o originalmente planejado. No domingo demos uma volta pela cidade (essa parte liquida-se em quinze minutos) e fomos até a praia: St. Lucia não fica numa ilha, mas é como se fosse: ela fica numa ponta de terra que finaliza uma longa restinga ao longo do lago St. Lucia. O único acesso à vila é uma ponte sobre o estuário que liga o lago ao mar. As praias são bonitas mas o mar é bem agitado, não é muito convidativo para banhos de mar mais tranquilos.

À tarde fomos fazer um passeio de barco no estuário, cujo tema é, claro, animais. Dessa vez os já mencionados hipopótamos e crocodilos, além de aves que existem em profusão por aqui. Bem, em matéria de hipopótamos preenchemos a quota para o resto da vida. Há muitos desses animais naquele estuário, e não surpreende que alguns deles decidam passear na vila quando decidem sair da água. Também dá para ver crocodilos, mas em quantidade muito menor.

Terminado o passeio fomos jantar num restaurante português, onde comemos um delicioso risoto de frutos do mar que eles chamam de paella, mas um espanhol certamente ficaria ofendido pelo uso de cebola e molho de tomate em lugar do açafrão.

Mais uma vez voltamos para a pousada no escuro mas sem encontrar hipopótamos. E não temos muita certeza de querermos encontrá-los, pelo menos estando a pé: esses bichos aparentemente tão desajeitados passam dos 30 km/h, e são muito ciosos do território ao seu redor.

Na segunda-feira pegamos o carro e fomos para o Hluhluwe-Umfolozi Reserve, onde é possível, teoricamente, ver todos os chamados "Big 5": leão, leopardo, rinoceronte, elefante e búfalo. Na realidade são dois parques interligados (há uma entrada única praticamente onde os dois se encontram) muito grandes. Começamos pelo Umfolozi, que é o maior, numa expedição com chances reduzidas de sucesso: nós não temos os olhos treinados para encontrar os animais no meio da vegetação, gastamos mais tempo cuidando da condução do carro que na procura dos animais e acabamos não tendo paciência para manter durante diversos quilômetros uma velocidade em torno de 20 km/h, que é o razoável para dar tempo de pesquisar visualmente os dois lados da estrada. E isso fica mais complicado ainda quando se sai do asfalto, o que é quase inevitável, pois as estradas (ruins) de terra são mais de metade de todos os caminhos que se pode percorrer no parque.

Mesmo assim acreditamos ter tido razoável sucesso: primeiro vimos os onipresentes antílopes de diferentes espécies, zebras e javalis. E de repente a Beth viu uma 'pedra' em torno da qual parecia haver algum movimento. Olhando com mais atenção percebemos que o que se movimentava era uma orelha: um rinoceronte! Na realidade dois rinocerontes, praticamente imóveis. Fizemos algumas fotos razoavelmente bem sucedidas.

Aqui vale um comentário: em zoológicos e parques organizados para isso é muito mais fácil ver animais selvagens, inclusive muito mais de perto. Só reconhecemos e fotografamos os rinocerontes usando uma câmera fotográfica com uma aproximação (zoom) bastante poderosa: os animais estavam um tanto longe de nós. Ao mesmo tempo, provavelmente é muito bom que eles estejam a essa distância: estamos tratando com animais totalmente livres no seu habitat, e não nos parece uma boa idéia descobrir como eles reagiriam se se sentissem ameaçados por humanos ou pelo carro.

Depois de andar um bocado, inclusive desistindo de pegar as estradas de terra pelo tempo que ainda tínhamos e pela baixa velocidade nessas estradas devido a sua qualidade, encontramos o segundo dos "Big 5": um elefante. Esse estava realmente longe, mas novamente decidimos que isso não era tão ruim assim. Perto dele havia também um búfalo, mas deitado e numa posição que nos fez descartar esse encontro como válido para dizer que havíamos visto esse animal.

O resto foi antílopes, zebras, e javalis além das aves. Aliás, tudo indica que hoje as zebras cumprirão o papel de nos enjoar que os hipopótamos cumpriram ontem. Muitas, que totalmente desprezam nossa presença: quatro delas entraram na estrada na frente do carro e tivemos que pacientemente acompanhá-las até que decidissem deixar o asfalto.

Fomos para o parque Hluhluwe onde não vimos nada de novo. Almoçamos no Hilltop Lodge, que tem uma posição espetacular no alto das montanhas (ou morros) da região. E diretamente ao lado e abaixo do restaurante onde comemos há um  "watering hole", uma pequena fonte onde animais vêm beber água. E enquanto almoçávamos quatro zebras (sempre elas) apareceram para beber. Havia também pegadas que acreditamos serem de elefantes, e belos montes de fezes ao longo da estrada indicavam que certamente eles andavam por ali, mas não vimos nenhum.

A volta acabou sendo já no escuro, e experimentamos mais um dos problemas de conviver com as características desses países. Pedir carona ao longo das estradas é praticamente uma instituição, não se anda dez quilômetros, mesmo nas estradas rápidas, sem que haja alguém pedindo carona no acostamento.

Agora imagine uma estrada secundária, pista simples, sem acostamento, onde negros, muitas vezes de roupa escura, pedem carona à beira da estrada. Adicione a isso a insegurança de estarmos dirigindo em mão inglesa, que dificulta avaliar com precisão a distância do carro da beira da estrada, e imagine o medo de atropelar alguém! Foi pouco mais de uma hora de viagem muito tensa, extremamente cansativa. Ah, e para piorar havia um enorme movimento em sentido contrário: estávamos nos dirigindo na direção da cidade de Mtubatuba, de onde aparentemente um monte de carros de trabalhadores nessa cidade se deslocava para suas residências depois de um dia de trabalho. Quando chegamos à pousada não havia dúvida que o dia estava encerrado para nós!

Finalmente na terça-feira fomos até Cape Vidal, no parque iSimangaliso. Nesse parque também se pode ver os "Big 5", mas aparentemente a bicharada havia tirado folga nesse dia: um casal de belgas que estavam na pousada falaram de um monte de animais que viram lá no dia anterior, mas nós só vimos búfalos (dessa vez em quantidade e ângulos bons) e zebras (outra vez...).

Cape Vidal é uma praia muito bonita (praia de mar aberto, bem agitado), mas pelo menos hoje havia um vento que, pelo menos para nós santistas, estraga completamente a praia. Tudo que fizemos foi tirar um par de fotos...

De volta a St. Lucia, fomos dar uma olhada num lado que ainda não havíamos visitado e passamos por uma situação meio ridícula: fizemos algumas fotos de pássaros do outro lado do estuário e um outro turista que passava por ali, a olho nu, perguntou: "não é um crocodilo ali perto dos pássaros?". Que mico! Tínhamos duas fotos com um tremendo crocodilo (aliás dois) deitado à frente dos pássaros e não havíamos visto!! Depois desse passeio ficamos na pousada após almoçar e só saímos, de carro,  lá pelas 20h00 para tentar ver os tais hipopótamos andando pela vila. Nada feito, eles também devem ter tirado folga hoje. St. Lucia fica nos devendo essa!

Página anterior
Diários de Bordo
Página anterior