Beth & Heinz Klein

(Moto)viagens

Diário de bordo -  Américas 2011: Colômbia / Guajira

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05/05/2011 - Quinta-feira: Riohacha
Algumas informações gastronômicas sobre o dia da chegada: depois de instalados no hotel fomos almoçar (nosso usual almoço às 17h), felizmente encontrando um bom restaurante aberto. Comemos um Chivo al Horno: isso é cordeiro, muito bem temperado e preparado, e que é um dos pratos típicos da região.

Interessante é que o amarelo é banana (da terra, aqui chamada de plátano). Tanto na Colômbia como na Venezuela essa banana tem participação muito forte na culinária local, sendo preparada de diversas formas.

06/05/2011 - Sexta-feira: Riohacha

Nesse dia fomos visitar uma agência de turismo para ver o que havia para fazer. O grande programa por aqui é ir a Cabo de la Vela, uma praia que dizem ser muita bonita, bem ao norte do estado de Guajira. Optamos por não fazer esse passeio porque são mais de três horas de viagem, metade delas por estrada de terra, e por isso mesmo ou se sai às 5h da madrugada para voltar no mesmo dia ou parte-se às 8h com pernoite em Cabo de la Vela. Não somos tão apaixonados assim por praias...

Outros dois passeios são a Camarones, povoado a vinte quilômetros de Riohacha, para ver flamingos e programas de proteção de tartarugas e a uma Rancheria, local onde vivem famílias dos Wayuu, indígenas da região.

Queríamos fazer os dois passeios no dia mas acabamos não indo a Camarones porque, para nossa surpresa, a agência não recebia cartões e perdemos muito tempo sacando dinheiro e confirmando que tínhamos saldo no banco.

À tarde fomos à Rancheria - um programa muito simples mas que nos deu oportunidade de conversar bastante com uma matriarca Wayuu, que nos contou muitas coisas sobre a cultura deles.

O trajeto até lá trouxe o primeiro acidente de nossa viagem. Calma, nada que ver com a moto: estávamos de taxi, e o motorista se distraiu procurando um papel ou coisa parecida quando o trânsito na frente parou. Vimos que íamos bater, gritamos para alertá-lo e nos preparamos para uma bela batida. O motorista, usando o pouco de freios que o carro tinha, conseguiu desviar e bater somente com o paralama na lateral do para-choque do carro à frente.

Mas... ele desviou para a esquerda, diretamente para dentro da faixa de trânsito em sentido contrário! Esse momento foi muito mais assustador que a espera pela batida na traseira. Mas felizmente a parada do trânsito era devido a uma lombada, de modo que os carros em sentido contrário também estavam devagar e conseguiram desviar. Ufa!!!

Sabíamos que fazia parte do programa experimentar o friche, prato típico Wayuu: chivo com uma massa de milho (milho é outro ingrediente muito usado aqui e na Venezuela). O problema é que pensávamos que seria realmente uma pequena prova, mas trouxeram um pratinho para cada um, que podem ser pouco para outros mas para nós era uma refeição. Problema: nós havíamos almoçado há menos de duas horas, estávamos em plena digestão do almoço. O prato é saboroso (a carne sem dúvida a massa de milho nem tanto) mas foi muito complicado comer tudo (ou quase tudo) aquilo. Ficamos empanturrados para o resto do dia.

E depois de assistir a uma demonstração de dança típica Wayuu também tivemos que dançá-la. As coisas que a gente faz numa viagem dessas...
Algo que já estamos querendo contar há tempo mas sempre esquecíamos: nem na Venezuela nem aqui vimos telefones públicos nas ruas. O que faz esse papel são telefones celulares, alugados por minuto. E pelo jeito as operadoras têm planos similares aos do Brasil (ligação gratuita ou sem custo para números da mesma operadora), porque a maioria das mesinhas que oferecem esse serviço têm um celular de cada operadora. Provavelmente você tem que dizer para qual operadora quer ligar...
07/05/2011 - Sábado: Riohacha - Santa Marta

Como não havíamos ido a Camarones ontem fomos hoje de manhã. Chegamos lá e descobrimos que éramos os primeiros e únicos turistas do dia, e que as canoas que levam as pessoas para ver os flamingos têm lotação para 6-7 pessoas, e que teríamos que pagar a lotação - aproximadamente R$ 60,00.

O rapaz que explicou tudo isso mencionou os seiscentos flamingos que veríamos, e isso nos fez decidir economizar esse dinheiro: quem já viu os milhares de flamingos na Laguna Colorada (Bolívia) pode passar sem esses seiscentos.

Voltamos para o hotel para pegar a bagagem e partimos para Santa Marta. A viagem é tranquilíssima, porque a estrada é muito boa e talvez por ser sábado e véspera do dia das mães o tráfego estava bem leve. Mesmo assim a viagem não rende, pois entre postos de controle do exército e vilarejos que ela cruza, com suas lombadas, demora-se bastante: levamos mais de três horas para rodar os 160 quilômetros.

Duas surpresas nesse trecho: nunca havíamos visto tanta névoa tão tarde no dia - saímos de Riohacha já depois do meio-dia. Não chegava a prejudicar a visibilidade na estrada, mas perdemos muito da paisagem, pois não se via muito longe. A outra é consequencia da primeira: um dos grandes atrativos dessa região é que dá para ver a Sierra Nevada, cadeia de montanhas a apenas 45 km da costa, da estrada e de Santa Marta. A única coisa que conseguimos ver foi a "Sierra Nublada"...

Um aspecto bastante bonito desse trecho é que as casas ao longo da estrada, às vezes quase casebres, tinham quase todas um jardinzinho na frente, com flores e vegetação decorativa. Muita gente vende plantas ao longo da estrada, mas aparentemente mesmo os que não vendem procuram embelezar um pouco seu pedacinho de chão.

Outra coisa curiosa: até em Santa Marta (mais de 250 km da fronteira) ainda se encontra os galões de gasolina venezuelana à venda. A margem de ganho desses contrabandistas é suficiente para trazer a gasolina até aqui! Ela é trazida em caminhões, que vêm por estradinhas de terra bem no norte dos estados de Zulia (VE) e Guajira (CO) - é uma terra de ninguém onde aparentemente se atravessa a fronteira sem grande dificuldade.

A entrada em Santa Marta foi um pouco decepcionante: depois de uma avenida larga e com trânsito intenso mas razoável, caímos numa área bem 'venezuelana', tanto pelo trânsito como pelas lojinhas e ambulantes.

Mas quando se chega à praia, que fica junto ao centro histórico, encontra-se uma cidade muito bonita e charmosa, e apesar de ainda não termos tido oportunidade de explorar muito, a visita já valeu: comemos um delicioso prato de frutos do mar, preparados com plátano, côco e curry, num restaurante extremamente simpático - mesas na calçada de uma praça fechada ao trânsito.

Uma lembrança que só ocorreu hoje: em Manaus, na consulta com a dermatologista, ficou claro que não devemos menosprezar os 'bichinhos' que existem por aquele lado do Brasil. Eu nunca tive problemas de alergia a picadas de insetos, mas provavelmente no navio fui picado por um tal de Paederus. Não houve nenhuma reação violenta, apenas formou-se uma mancha vermelha mais ou menos do tamanho de uma moeda de dez centavos.

Mas o que impressiona é que hoje, mais de um mês após o fato, continuo com uma mancha na barriga. Ela está esvaecendo, mas muito lentamente. Definitivamente não estamos preparados para encarar os insetos do norte do Brasil - e provavelmente daqui também não, é que não nos enfiamos em floresta.
Diários de Bordo