Beth & Heinz Klein

(Moto)viagens

Diário de bordo -  Américas 2011: Canadá

Ontario

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27/08/2011 - Sábado: Ignace - Thunder Bay

Hoje fizemos uma viagem mais curta para pernoitar numa cidade maior, com bom sinal de internet – daqui a pouco explicamos. Foram 246 km de estrada boa, mas a 90 km/h é duro resistir à vontade de parar no acostamento, deitar na grama e simplesmente dormir. Em dois trechos havia parada por causa de obras, e isso até serviu para dar uma acordada - acabamos fazendo esse trecho numa tacada só.

A paisagem foi de pinheiros, pequenas montanhas de pura rocha e muitos lagos. Chegados a Thunder Bay, fomos passear na orla do Lago Superior que banha a cidade. Imenso, águas claras que devem ser muito frias. No inverno, vimos fotos, ele congela. É muito difícil pensar que essa massa imensa de água possa se transformar em gelo.

Thunder Bay é uma cidade de uns 180 mil habitantes, bonita e organizada. Uma de suas atividades mais importantes é ligada a medicina nuclear e genética. Mas do ponto de vista turístico não oferece muito. A área em que fomos passear está em reforma – quando ficar pronta pode ser que se tenha um espaço mais bonito à beira do lago. Mas mesmo assim, estranhamos a falta de restaurantes naquela região.

Na volta para o hotel nos preparamos para falar com o Brasil via Skype: nessa noite era a festa de aniversário do SombreroS M.C., e havíamos combinado de participar dela de longe. Compramos umas cervejas para brindar à data e fomos para a sala de café da manhã do hotel para estourar uma pipoca e esperar pelo contato.

Nada feito: o hotel não é fully licensed (licença total), e bebidas alcoólicas só podem ser consumidas no quarto. Então tá, estouramos a pipoca e voltamos para cima. E já que estávamos ali resolvemos esperar pela conversa na cama – afinal esse é o lugar de dois velhinhos aposentados depois das 22h00, né?

Foi muito gostoso brindar ao pessoal lá em Limeira e trocar algumas palavras com alguns deles. Estamos nos divertindo muito nessa viagem, mas numa ocasião dessas a saudade bate forte e a gente tem que engolir em seco e continuar.

E por essa data ter sido marcada pelos SombreroS, também nos lembramos que no dia 27 de fevereiro estávamos partindo de casa para começar esta viagem. Também temos um ‘aniversário’ a celebrar hoje, e depois de seis meses de viagem cremos ser hora de publicar algumas estatísticas:

Quilometragem até agora: 32.044 (mais aproximadamente 3.600 em barcos / ferrys)
Tempo total gasto na estrada: 474h37m
Combustível consumido: 1.766,3 litros (consumo médio de 18,1 km/l)
Um jogo de pneus, faltando pouco para trocar o segundo.

E ainda temos muito para rodar. Um grande abraço e beijo a todos que de alguma forma nos apoiaram nessa empreitada.


28/08/2011 - Domingo: Thunder Bay - Rossport

Saímos com a temperatura agradável, sol e a estrada ainda com a velocidade de 90 km/h, planejando dormir em Wawa, cidade a distância conveniente e com boa oferta de motéis.
Após rodarmos 180 km precisávamos dar uma parada para descansar um pouco, e por falta de postos na estrada (o último pelo qual passamos estava fechado) saimos da estrada e entramos em Rossport – que linda surpresa! É uma vila com 44 casas e 66 habitantes e com quatro Bed & Breakfast. Um deles tem um simpático restaurante com jardim, mesas e cadeiras com guarda sóis na área externa. Entramos para tomar um café e apreciar um pouco o sol naquele terraço gostoso. Ao entrar para pedir o café vimos que o restaurante tinha as mesas muito bem arrumadas e era muito aconchegante.

Pegamos nosso café e fomos sentar lá fora. Chegou outro casal, que se interessou pela nossa aventura e ficamos ali conversando e o tempo foi passando. E o lugar nos cativando sempre mais. Pensamos: aqui também é pousada, vamos perguntar se há vagas. Mas não havia mais lugar. Continuamos jogando conversa fora, e depois de meia hora veio a dona e disse que havia uma desistência. Então ficamos no lugarejo.


A parte de hospedagem é quase fora da vila, o que significa andarmos a eternidade de dez minutos a pé ou um minuto de moto. Uma construção em forma de celeiro, com quatro apartamentos, dois em cada andar, grandes e muito aconchegantes: têm até uma kitchnete, internet (Wifi), televisão e um sossego que dá para escutar o silêncio. Para o café da manhã recebemos uma lancheirinha muito bem arrumada – o conteúdo podia ser melhor mas não chegou a ser problema.

Depois de acomodados fomos dar um passeio e ver onde era a prainha, já que a vila fica ao redor do Lago Superior.

Caminhamos vinte minutos, tudo que é necessário para chegar ao outro lado da vila. E pudemos molhar nossos pés na límpida, clara e gélida água do lago. Para dizer a verdade ao colocar os pés a água nem estava tão gelada assim, mas passando do tornozelo, aí sim, já se sentia uma temperatura nem tão agradável. Ficamos um pouco lá, sentados a uma das mesas de piquenique, e voltamos para o nosso quarto.

Aproveitamos para documentar algo que nos intrigava e que aprendemos depois como funciona: praticamente todos os carros aqui têm um plug elétrico pendurado para fora do capô - alguns motoristas os escondem, mas a maioria deixa pendurado mesmo. Esses plugs estão ligados a aquecedores que são instalados no motor, para manter o óleo e o próprio motor quentes durante a noite - sem isso o óleo endurece dentro do cárter.
Ah, outra coisa divertida que vimos em Rossport: o vilarejo é tão pequeno que as caixas de correspondência de toda a vila ficam juntas perto de uma das entradas da vila. Simplifica a vida do carteiro!

Uma parada ideal para descansar e por as ideias em ordem. Chegamos a pensar em ficar duas noites lá para fazer realmente isso, mas... havia o trem!!! Pois é, quando passeávamos pela vila até curtimos e fotografamos o trem passando praticamente através dela, cruzando a (única) rua perto do apartamento.

Esse cruzamento da ferrovia com a rua é uma passagem em nível, sem cancela, e o trem apita insistentemente ao se aproximar. E ele faz isso também de madrugada!!! E pelo menos umas cinco ou seis vezes!!! Que pena, no dia seguinte não se falava mais em dormir outra noite ali...


29/08/2011 - Segunda-feira: Rossport - Sault St. Marie

Estava demorando: partimos com chuva, com 12ºC - desconfiamos que pegamos uma beiradinha do Irene (o furacão que assolou a costa leste dos EUA e Canadá). Paramos em White River para aquecer as mãos que estavam congeladas e aproveitamos para nos informar com os clientes do restaurante sobre as opções que tínhamos. Pensávamos inicialmente dormir em Wawa como planejado na véspera, mas se fizéssemos isso pararíamos lá pelas 15h00, o que também era cedo demais.

O problema era que, como temíamos e foi confirmado pelas pessoas do restaurante, entre Wawa e Sault St. Marie haveria pouquíssimas opções de hospedagem caso decidíssemos interromper a viagem. Mesmo assim resolvemos tocar, em princípio com o objetivo de dormir em Sault St. Marie.

A estrada tem bom asfalto, continua-se na velocidade de 100 km/h (a essa altura já aprendemos que é essa a velocidade realmente praticada aqui) e passa-se por vários lagos menores, enquanto se rodeia o Lago Superior - uns 700 km de Thunder Bay a Sault St. Marie. E nessas margens há algumas prainhas, algumas bem boazinhas, só que com avisos de que o vento e as ondas resultantes podem se tornar muito agressivos. O Lago Superior é muito grande, parece um mar com várias ilhas. Há pontos em que não se consegue enxergar o outro lado!

Acabamos descobrindo que o problema do trecho entre Wawa e Sault St. Marie é que uns dois terços dele passam pelo Parque Nacional Pukaskwa, área em que não se encontra nenhuma prestação de serviços, justamente para preservar a região. Nos últimos 90 quilômetros, em que a chuva deu trégua, encontra-se motéis e outros serviços, mas aí já se está tão perto de Sault que só numa situação extrema de emergência faz sentido parar lá.

Uma coisa que já queríamos comentar há muito tempo: aprendemos, num desses parques em que andamos, que os incêndios que ocorrem nas florestas daqui e que nos horrorizam e entristecem tanto, são um fenômeno natural e fundamental para manter o equilíbrio de flora e fauna das florestas - em áreas deixadas inteiramente nas mãos da natureza esses incêndios ocorrem aproximadamente a cada 50 anos.

O ser humano vem interferindo nesse ciclo, evitando os incêndios ou sua propagação, e isso tem produzido problemas. Num dos parques havia um texto explicando que um certo besouro é responsável pela morte de um tipo de árvore - e por incrível que pareça isso é bom porque mantém a quantidade dessas árvores sob controle - e que os incêndios também mantinham a quantidade dos besouros sob controle. Com a redução dos incêndios o número de besouros aumentou e colocou em perigo a existência das tais árvores, que eles estão destruindo em quantidade muito maior. Resultado: incêndios são provocados pelos guardas florestais para ajudar a manter o equilíbrio do sistema! Como é complicada a convivência do ser humano com os recursos naturais!


30/08/2011 - Terça-feira: Sault St. Marie - North Bay

Antes de pegarmos a estrada demos uma volta na cidade de Sault para vermos o outro lado do Lago Huron, onde já são os Estados Unidos, ligados a Sault St.Marie por uma ponte - na realidade a cidade do outro lado tem o mesmo nome. A calçada que bordeja o Lago Huron é muito bonita e como nós, que somos nascidos em Santos, sempre dizemos: basta ter uma calçada arrumadinha, uma vista bonita e um mar ou lago para se observar que já se faz a festa. E foi isso mesmo que fizemos.

Daí fomos para a estrada que começa bordejando o Lago Huron, viagem gostosa, tranquila e agradável! Ontário é uma província muito bonita, também e com relevo e vegetação bem diversificados.

A partir de Espanola a estrada se afasta do Lago Huron e da Baia Georgian e vai em direção ao Lago Nipissing, que perto do Superior e do Huron não passa de uma poça de água, mas que ao vivo e a cores é muito bonito.


No caminho houve somente duas paradas devido a obras na rodovia e novamente passamos por uma carga diferente: uma casa pré-fabricada (os chamados mobile homes) estava sendo transportada num caminhão. Alguns dias atrás foi um celeiro, e hoje foi essa casa. É muito interessante, pois foge de nossa realidade.

E agora os avisos e placas nas estradas estão em inglês e em francês. Isso começou já em Manitoba, mas em menor escala - aqui, desde Sault Ste Marie a sinalização é toda bilíngue. Aliás o restaurante onde almoçamos hoje tinha o cardápio com o nome dos pratos em francês e a explicação do mesmo em inglês.

O trânsito na estrada também está aumentando, provavelmente por ser uma região mais densamente povoada.

Chegando a North Bay fomos andar um pouco e procurar o que almoçar. A rua em que fica o hotel é em frente ao Lago Nipissing, e deu para pisar na areia: ela nem é tão grossa. A água também estava até bem quente, e logo descobrimos a razão: era possível caminhar uns cinquenta metros em direção ao centro do lago sem mudança de profundidade - abaixo do joelho. Aí a água esquenta bem; e no inverno o lago vira pista de patinação.


E fazia tempo que não víamos um por do sol que merecesse ser documentado. Hoje tivemos essa oportunidade, e valeu a pena!


31/08/2011 - Quarta-feira: North Bay

Uma manhã bonita, mas nem tanto como ontem. Não tínhamos nenhum objetivo específico, e decidimos caminhar ao longo do lago - foram no total 5 quilômetros. Bom, pois estávamos precisando andar um pouco.

Há algumas prainhas bem gostosas - areia relativamente fina - ao longo deste trecho do lago, mas boa parte delas foi praticamente privatizada pelas casas que ficam à beira rio: os quintais terminam na areia e muitos colocaram mesas e bancos e alguns até puxaram uma cerca até a água impedindo que se ande por toda a praia. Como não há placa de proibição - no trespassing - imaginamos que se alguém quiser poderá andar pela praia, desde que dê a volta na cerca, pisando na água ou indo pelas pedras.

Mais perto do centro da cidade há um bonito calçadão acompanhando a orla, muito agradável para se caminhar. A cidade de 63 mil habitantes é a Base de Comando de Defesa Aérea Canadense. Mas é calma e o centro tem um movimento tranquilo.

E foi bom não termos ido fazer o passeio no lago que chegamos a cogitar, pois choveu a tarde toda e o lago ficou com uma névoa bem densa. Depois do almoço (peixe walleye - pickerel - que é o peixe característico da região) voltamos para o hotel para fugir da chuva e passamos o resto do dia trabalhando no site.


01/09/2011 - Quinta-feira: North Bay - Ottawa

Essa viagem devia ser tranquila e fácil, pois eram somente 357 km. Acabou sendo muito cansativa, pois houve pelo menos seis paradas por causa de reforma na pista e trechos de 60 km/h. Somente nos quarenta últimos quilometros a pista se tornou dupla e depois tripla.

De resto as condições eram perfeitas: temperatura entre 23 e 25*C, sem chuva, com sol meio encoberto e uma bela paisagem: pinheiros, áreas agrícolas, muito pasto e criação de animais, milharal, batatal, pepinal...

Em alguns trechos até achávamos que poderíamos estar em qualquer rodovia de São Paulo, tanto pela paisagem quanto pela maneira de dirigir de alguns motoristas: ultrapassando com faixa contínua ou forçando a ultrapassagem, para ter que frear e entrar em frente a um caminhão. Isso apesar dos muitos policiais escondidos e parando carros.

Cidade grande é mais ou menos a mesma coisa em todo lugar: muita gente e mais trânsito, principalmente porque já eram 16h, quando já começa o rush.

Mas aí começam as coisas bonitas: Ottawa tem um centro charmosíssimo. Fomos almojantar uma salada com pizza, no calçadão, de frente ao antigo mercado: a grande surpresa foi a pizza, bem à européia - massa fina e pouca cobertura - mas muito bem feita. Depois fomos até o mercado, que agora é usado com lojas e restaurantes.
Numa das esquinas há uma padaria e confeitaria com uma oferta de produtos grande: pães de vários tipos, docinhos, tortas, biscoitos, saladas, sanduíches, tudo muito bem feito, com ótima apresentação. Não deu para resistir: pedimos uma tulipa de frutas e uma torta de macadame e dois cafés-com-leite (as 'cumbucas' na foto ao lado são as xícaras de café - verdadeiras banheiras). Saborosíssimos! Ah que pecado delicioso é o da gula!

E o legal desses restaurantes de Ottawa (e provavelmente de outras cidades que ainda visitaremos) é poder sentar praticamente na rua e ficar observando o desfile de tipos que passam pelo calçadão. É cada figura que não se sabe se deve ter medo, pena ou cair na gargalhada! Pena que nem sempre dá para fotografar sem ficar muito evidente.

Uma coisa curiosa, para a qual havíamos sido alertados mas não imaginávamos que chegasse a esse ponto: em plena Ottawa nosso celular não encontra sinal. Aliás, desde que estamos no Canadá só houve umas três cidades onde ele funcionou. O que acontece é que a cobertura GSM nos EUA e Canadá é muito limitada. Um telefone CDMA se dá muito melhor.

Até especulamos como podia haver tantos IPhones por aí com essa limitação, mas depois descobrimos que aqui existe IPhone CDMA (no Brasil, só GSM). Agora está explicado! Curioso como no paraíso da tecnologia haja alguns detalhes como esse em que eles estão bastante atrasados.


02/09/2011 - Sexta-feira: Ottawa

Hoje fomos realmente turistas por aqui. Fomos passear nas redondezas dos rios Rideau, Ottawa e ver as eclusas do canal Rideau: é um canal ligando o rio Rideau ao rio Ottawa, e ao longo desse canal foram construídas eclusas para compensar a diferença de nível entre os rios. Originalmente elas eram usadas para fins comerciais, mas atualmente atende somente a barcos de lazer.

O interessante é que a abertura e fechamento das comportas são feitos manualmente. São umas seis comportas e os funcionários, dois de cada lado, sobem e descem enrolando as correntes. E a eclusa é muito usada; enquanto estávamos lá, menos de uma hora, desceram duas lanchas juntas e depois mais uma.

A caminho do Parlamento passamos por um cantinho superespecial, com cadeiras e barracas para se abrigar do sol. Havia até uma placa sugerindo que as pessoas se sentassem e relaxassem... e foi o que fizemos. Para completar há rede WiFi de Internet, funcionando melhor do que a do hotel.

É incrível essa questão de WiFi aqui no Canadá e nos EUA: se você tiver um telefone com acesso a rede sem fio e Skype, fala com o mundo praticamente na hora que quiser - tudo que é loja e restaurante tem rede disponível para os clientes. Em dúvida é só parar ao lado de uma loja McDonald's ou Starbucks - nem precisa entrar para pegar sinal da rede deles.

Em seguida fomos para o Parlamento. Um lugar muito bonito! Prédios antigos, num parque enorme. Há visitas guiadas para os dois prédios abertos - o terceiro está em reforma - e para os jardins, onde há uma profusão de belas estátuas para serem admiradas. Pegamos uma senha para fazer os tours dos dois prédios e para preencher o tempo de espera fomos comer salsicha bratwurst e italiana, meio picante, vendida em carrinho de rua por uma polonesa (ela estava falando com uma conterrânea e perguntamos que língua era). E bebemos Root Beer! As linguiças estavam boas, mas essa bebida esquisita à base de açafrão é muito ruim, parece remédio.

Depois dos tours, em que são mostradas algumas das principais salas do Parlamento, fomos até a Igreja Notre Dame que também é uma riqueza. O altar é uma réplica da basílica de São Pedro, no Vaticano, riquíssimo e muito bonito.

Algo interessante nessas cidades é que você 'tropeça' em locais históricos a cada passo. Na volta da catedral vimos uma casinha antiga e fomos olhar uma placa que havia na frente: ela foi residência do mestre carpinteiro Flavien Rochon, responsável pela construção da Biblioteca do Parlamento e da Igreja de Notre Dame. A casinha ficou nas mãos da família por 90 anos e continua lá como recordação/homenagem ao mestre. Coisa de país que preserva sua história.


Foram mais de seis horas caminhando pela cidade, e decidimos tomar o rumo do hotel. E, como em toda cidade grande, também se vê bêbados, pedintes e, ao que parece, até drogados. Passamos pela Av. St. George, onde há um abrigo do Exército da Salvação, e vimos uns tipos cuja indumentária e comportamento faziam pensar na cracolândia em São Paulo! Não tem jeito, esse problema é universal.


03/09/2011 - Sábado: Ottawa - Montréal (QC)
Essa parte da viagem no Canadá é tranquila: são distâncias pequenas (hoje 200 km.) em autoestrada com pista dupla. O movimento era grande nos dois sentidos, pois além de ser sábado, segunda-feira é Dia do Trabalho - o último fim de semana longo do verão, o pessoal quer aproveitar ao máximo.

A entrada na província de Québec completou a transição linguística que começara antes de Ottawa: até a divisa a sinalização (não só oficial como de estabelecimentos comerciais) era em inglês e francês. No momento que entramos em Québec só sobrou o francês.

Chegamos ao hotel, e descobrimos uma brutal falha de comunicação entre nós: por alguma razão assumimos que o Digudi (nem vamos dizer o nome, já que ele se apresenta assim até aqui no Canadá!), companheiro de motociclismo no Brasil que emigrou para o Canadá, morava na cidade de Québec. Começamos a conversar com ele pelo Facebook e ele dizendo que nos pegaria em 45 minutos. Como???


Bem, erro básico de localização: ele mora em Montréal e veio nos buscar para participar de um churrasco da brasileirada daqui. Junto veio o Crespo, outro querido companheiro de passeios de moto no Brasil, e que por um desses acasos da vida também estava aqui visitando o Digudi. Fomos ao parque Angrignon, curtir um churrasco muito saboroso (picanha canadense - açougueiro português faz o corte - super macia, franguinho, linguiça com e sem pimenta...) na gostosa companhia de algumas das muitas famílias brasileiras que há por aqui.

O dia foi encerrado com biscoito de chocolate e sorvete chez Digudi! A única parte chata foi que ele teve que nos levar de volta para o hotel, do outro lado da cidade.

É legal trocar idéias com locais, e às vezes até é melhor que sejam imigrantes, pois estes passam por experiências (e lembram delas) que para um nativo podem ser tão óbvias que nunca lhe passaria pela cabeça comentar. Por exemplo, o Digudi descobriu, a duras penas (risco de multa e prisão), que não se pode realizar uma transação de compra e venda em locais públicos. Sabem aquela situação que no Brasil até preferimos por questão de segurança: faz-se uma negociação por telefone, email ou algo do tipo e para receber a mercadoria e pagar por ela marca-se o encontro num shopping, metrô ou coisa parecida? Aqui isso é terminantemente proibido.


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