Beth & Heinz Klein

(Moto)viagens

Diário de bordo -  Américas 2011: Brasil / Tocantins


20/03/2011 - Domingo: Natividade - Gurupi

Ontem partimos de Cavancante tendo o Jalapão como objetivo. Hoje conversamos com o proprietário do hotel em Natividade, ligamos para um guia em Ponte Alta do Tocantins (última cidade atingível por asfalto antes do Jalapão) e desistimos desse plano: o pessoal anda pedindo em torno de R$ 500,00 por dia para levar um casal (ou dois) aos lugares interessantes.

Por mais que desejássemos ver essa área, decidimos que seria muito dinheiro e mudamos os planos. Ligamos para o Paulo Saint-Martin em Gurupi, que já havia nos convidado para passar lá e lá fomos nós.

Viagem tranquila de 200 quilômetros, só com um pedaço de uns 500 metros da estrada completamente esburacados. Na realidade esse trecho quase não tem mais asfalto, é só um monte de buracos. É incompreensível que uma estrada onde se mantém velocidades de 100-120 km/h com toda tranquilidade de repente se transforme naquilo.

Fomos muito bem recebidos pelo Paulo e Maria Tereza, e tudo que conversamos confirmou nossa decisão em relação ao Jalapão. Depois de muito tempo (mesmo em São Paulo fazia tempo que não íamos) comemos um belo rodízio, e fomos dar uma olhada num projeto espetacular de plantação de arroz baseada em irrigação a partir do rio Formoso.

A variedade, beleza e quantidade dos pássaros avistados nesse passeio completou uma tarde muito interessante.


21/03/2011 - Segunda-feira: Gurupi

E hoje a viagem nos reservou mais uma dessas surpresas inesquecíveis. Planejávamos seguir para Palmas após o almoço, e de manhã fomos à casa de um amigo do Paulo para nos informarmos melhor sobre as condições das estradas entre Palmas e Belém. Conversamos o que havia para conversar sobre esse tema e começamos a falar de nossos planos frustrados quanto ao Jalapão.

O Joel (esse amigo do Paulo) e seu filho Augusto nos deram informações importantes, que fomos detalhar com um morador de Ponte Alta que estava em Gurupi. Resumo da ópera: realmente não dava (basicamente por razões financeiras) para encarar o Jalapão.

O Augusto nos levou de volta para a casa do Paulo, e no caminho de repente sai com essa: "Faz tempo que estou querendo visitar o Jalapão. Tenho uma Cherokee, e se vocês se interessarem podemos ir amanhã com minha mulher e meu filho para lá!". Eu pedi que permitisse ao menos que pagássemos o combustível e o 'máximo' que consegui foi racharmos essa despesa. Gente, que coisa maravilhosa são essas pessoas que encontramos.

Portanto aqui estamos atualizando este texto e nos preparando para ir para onde queríamos a custo baixíssimo e com todo o conforto de um utilitário desses.


22/03/2011 - Terça-feira: Gurupi

Houve alguns atrasos e acabamos partindo para Ponte Alta do Tocantins às 15:00 horas. Agora é meia-noite e estamos... de volta na casa de Maria Tereza e Paulo, em Gurupi: o carro do Augusto pifou a uns 60 km de Ponte Alta (quebrou um tensionador da correia) e tivemos que voltar.

O Augusto conseguiu uma carona num guincho até Monte do Carmo, a cidadezinha mais próxima, onde ligou para o seguro para pedir guincho e carro para nós e organizou o 'resgate' dos passageiros com o Pit Bull, 'próspero' proprietário do Pit Dog, quiosque de cachorro quente no meio da única praça de Monte do Carmo.

Ele trouxe o Augusto de volta até onde estávamos com o carro e nos levou para Monte do Carmo para esperar pelo taxi. Uma figuraça, com um Fiat Uno tricolor - não deu para ver claramente as cores no escuro, mas era branco, com capota preta e alguns toques de algum tom de cinza - que nos colocou a par dos aspectos relevantes da sua biografia durante os 30-40 minutos que durou a viagem até o posto onde esperaríamos. Mas foi uma grande ajuda e muito legal: ele ficou conosco até o taxi chegar.

O Augusto não para de pedir desculpas, e queremos deixar registrado que não há o que desculpar: a gentileza deles superou de longe qualquer contratempo. E além disso acidentes ocorrem com qualquer um a qualquer hora. Resumo: teremos que voltar ao Tocantins!


23/03/2011 - Quarta-feira: Gurupi

Hoje nos limitamos a descansar da aventura de ontem, e o Augusto fez questão de nos levar para passear numa ilha que o pai e ele têm no rio Tocantins. Quer dizer, ele gostaria muito de ter feito isso, mas quando chegamos à beira do rio para pegar a canoa chovia de encharcar! Pois é Augusto, nada do que você planejou para nós funcionou. Coisas da vida... Mais uma razão para voltamos a Gurupi!


24/03/2011 - Quinta-feira: Gurupi - Palmas

Bem, depois de 'sequestrar' o quarto de hóspedes da Maria Tereza e do Paulo por quatro dias, retomamos a estrada. Uma viagem curta, sem nenhuma característica excepcional, chegando a Palmas, uma cidade também sem atrativos marcantes, até por ser uma cidade muito nova (uns 25 anos, criada especificamente para ser a capital do Tocantins).

A única coisa que poderia ser interessante são as praias no lago formado pelo rio Tocantins a jusante da usina hidroelétrica de Lajeado, mas com as chuvas o lago está muito alto e as praias totalmente cobertas.


25/03/2011 - Sexta-feira: Palmas - Araguaina

Para não voltar pelo mesmo caminho (Palmas fica a uns 60 km. da Belém-Brasília, por onde viemos) e para seguir uma estrada mais bonita, ao longo do lago do Tocantins, saímos de Palmas em direção a Lajeado. Esse caminho inclui uma travessia de balsa do rio Tocantins, logo após Lajeado.

Balsa empurrada por um barco preso a sua lateral, atravessamos o rio e pegamos a pior estrada até agora: um trecho relativamente curto até Miracema do Tocantins e depois Miranorte, onde mal conseguimos atingir uma média de 50 km/h.. Quando retornamos à Belém-Brasília o ritmo voltou ao normal, com a maioria do trajeto rodando acima de 100 km/h, mesmo quando havia buracos que dava para tourear sem problemas.

Mas ao mesmo tempo foi a primeira vez na viagem que tivemos que sair três vezes para o acostamento para 'dar passagem' a caminhões ou ônibus ultrapassando sem a menor cerimônia em trechos de ultrapassagem proibida. Felizmente existia acostamento, pavimentado e sem 'degraus' problemáticos para esses escapes.

A parada em Araguaina era razoavelmente conveniente em termos de quilometragem, mas a razão fundamental para essa parada foi encontrar e dar um abraço afetuoso no Avelin(h)o Cassol, nosso querido companheiro da primeira viagem para o Chile, que está lá a trabalho.

Comemos uma bela pizza com ele, papeamos bastante no terraço do hotel à beira da Belém-Brasília e tivemos mais uma agradável noite em companhia de um companheiro do mundo moticiclístico.



Próxima página
Página anterior
Próxima página
Página anterior
Diários de Bordo