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Terça-feira
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Johannesburg - Mariental (NA)
Nos despedimos de Johannesburg com a sensação ambígua descrita na página anterior, e ainda fomos agraciados com uma informação interessante no percurso para o aeroporto: o mesmo Jeffrey que nos trouxe nos levou, um motorista que aparentemente vive de transfers do aeroporto e de ciceronear estrangeiros pela cidade (não o usamos para isso).
Johannesburg é uma cidade que foi criada em função da exploração de ouro, e espalhados por toda a cidade há montes de terra, de uns 15-20 m. altura, que na realidade são dejetos das minas de ouro. Esse material ainda contém ouro, mas em quantidades que não era rentável extrair. Não era! Hoje em dia existe tecnologia para fazer isso, e os 'morrinhos' estão desaparecendo pois estão sendo reprocessados para extrair o ouro restante.
Sabe-se lá que cara terá a cidade daqui a alguns anos quando esses montes de dejetos mineiros tiverem desaparecido!
Jeffrey nos deixou no aeroporto, onde os procedimentos correram de forma normal. A única curiosidade é que a passagem que compramos é British Airways, os aviões são pintados como British Airways, mas são operados por uma companhia local, chamada Comair. Partida e chegada no horário, 'ganhando' uma hora pela diferença no fuso horário.
A Namíbia é um pais muito pobre, e a percepção disso começa pelo aeroporto internacional da capital do país: ele é (bem) menor que o Santos Dumont no Rio de Janeiro. Realmente pequeno! Mas conseguimos trocar dinheiro por um câmbio razoável, pegamos o carro de aluguel e partimos para a primeira parada, que seria exclusivamente de pernoite, pois o primeiro destino verdadeiramente turístico ficava muito longe para se chegar no mesmo dia.
E logo nos primeiros quilômetros da viagem de carro fomos apresentados ao que parece ser o tema prinicipal da África (pelo menos do sul da África): animais. A beira da estrada para Windhoek estava cheia de babuínos. Não sabemos se a macacada é atraída por comida atirada pelos motoristas ou pela urbanização em torno da capital, que lhes permite encontrar comida nas casas, mas impressionou a quantidade dos bichos ao longo da estrada.
Viajar na Namíbia é uma experiência que tem que ser planejado com um pouco de cuidado: de norte a sul do país corre uma estrada asfaltada, com algumas poucas estradas laterais também asfaltadas - as estradas identificadas como 'B'. Mas a maioria absoluta das estradas (C e D) é de terra batida, com areia ou cascalho.
Isso é um detalhe importante a considerar, pois as médias de velocidade são afetadas por essas estradas de terra. Na verdade descobrimos depois que não é tão ruim assim! Por falar em velocidade, as estradas asfaltadas são pista simples, com apenas um faixa de rolamento em cada sentido, às vezes sem acostamento ou com acostamento em terra com um certo desnível em relação ao asfalto, e velocidade máxima de 120 km/h!!! Parece bastante alta para uma estrada com essas características, mas é perfeitamente viável por duas razões: praticamente não há curvas... nem veículos! O tráfego é muito esparso, e na maioria absoluta do percurso a estrada era só nossa.
O que fazemos é reduzir um pouco a velocidade ao cruzar com outro veículo, pois com a mão inglesa de direção (toda a África e Ásia - e Austrála, e Nova Zelândia - são assim) havia um pouco de insegurança no posicionamento do carro na faixa, e no restante mandar ver no limite permitido. E nas estradas de terra é necessário reduzir a velocidade toda vez que se cruza com outro veículo: a nuvem de poeira reduz a visibilidade a praticamente zero. Ainda bem que se cruza com poucos veículos...
Essa primeira parada foi numa fazenda de plantação de milho e trigo, que oferece também um camping e um Bed & Breakfast (B&B). Como dissemos, foi uma escolha exclusivamente para poder parar ainda com luz do dia ou no máximo logo depois do anoitecer (foi o que aconteceu), mas a escolha se revelou uma agradabilíssima surpresa: um quarto muito confortável, com um delicioso chuveiro e um excelente café da manhã. Os proprietários são descendentes de holandeses imigrados (boers) e tiveram muito bom gosto na decoração tanto dos quartos como do salão de café da manhã..
No caminho paramos num supermercado para comprar alguma coisa para comer à noite, e logo fomos 'apresentados' à pobreza do país: pelo menos 5-6 crianças pelo estacionamento pedindo esmolas ou comida. Compramos uma maçã e um biscoito para um deles que ficou junto ao carro, e seguimos viagem.
Está escurecendo bastante cedo por aqui, e às 17h45, quando chegamos ao destino já estava escuro. As placas indicativas na estrada e no acesso eram claras, mas como o acesso era em terra, não foi muito fácil encontrá-lo no escuro. Passamos pela saída e tivemos que retornar para achá-la.
Estávamos bastante cansados, e depois de um bom banho e de devorar os sanduíches feitos com as compras da tarde, encerramos o dia. Nem fizemos o chá (ou café) que é oferecido em todos o quartos de hotel até agora.