Diário de bordo - Américas 2011: Brasil / São Paulo
27/02/2011 - Domingo: São Paulo - Termas de Ibirá
Mais um pouco de Amyr Klink para inspirar esse dia e esse momento tão especiais para nós: "Porque um dia é preciso parar de sonhar, tirar os planos das gavetas e, de algum modo, começar.".
Pois bem, então lá vamos (ou melhor, fomos) nós. O estado psicológico é de extrema excitação e ansiedade, e o estado físico fica longe do desejável: os preparativos consumiram muita energia e tempo, e estamos bastante cansados.
Então resolvemos começar bem calmamente: nesse primeiro dia pouco menos de 500 quilômetros. Mas essa jornada começou de forma muito especial: primeiro apareceu totalmente de surpresa o Vicente, companheiro de longa data do grupo Shadow600. Depois, lá pelas 9:45, quando já estávamos praticamente prontos para partir, chegou a nossa casa uma comitiva de membros do grupo BMWRiders para se despedir de nós e nos acompanhar por alguns quilômetros.
Foi muito bonito e emocionante ver aquele grupo de motociclistas, dos quais conhecíamos alguns há duas semanas, e diversos nem conheciamos ainda, se deslocar até nós para se despedir. Eles só não sabem como é complicado pilotar com lágrimas nos olhos!!!
Bem, depois da despedida final na Castelo Branco iniciamos a verdadeira jornada 'nossa': a viagem foi razoavelmente tranquila, mas a Beth teve oportunidade de estrear o casaco de chuva que chegou em cima da hora: ontem, 26/02! E conseguimos estar vestidos exatamente quando os primeiros pingos caíram sobre nós. Foi chuva forte mas nada que complicasse a viagem.
Finalmente chegamos a Termas de Ibirá, um lugarejo que parece turisticamente decadente - vamos tirar essa dúvida amanhã, se não chover.
Ah, uma experiência inesperada: nesse mundo e época dominados pela tecnologia, fomos salvos pelo cartão telefônico que eu trouxe quase por distração e pelo orelhão da esquina: o celular (TIM) não funciona de nenhuma forma em Termas de Ibirá (segundo a recepcionista da pousada somente Oi funciona aqui) e a pousada não tem Internet. Portanto, quem acha que cartões telefônicos são coisa do passado trate de rever seus conceitos.
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/02/2011 -
Segunda-feira
: Termas de Ibirá
- Ilha Solteira
Infelizmente nossa primeira impressão se confirmou na manhã desse dia: Termas de Ibirá está muito mal como ponto de atração turística. O Balneário está em reforma, mas sabe-se lá quando ficará pronto e se será suficiente para renovar o interesse dos turistas.
Depois de uma rápida volta pela cidade montamos na moto e seguimos para Ilha Solteira. Viagem tranquila e sem incidentes - dessa vez conseguimos driblar a chuva! Hoje nos limitamos a dar uma voltinha a pé pela cidade, comer, e reencontrar o mundo moderno com telefone funcionando e acesso à Internet.
Amanhã não rodaremos - vamos seguir nessa toada até Brasília, onde só pretendemos chegar no dia 09/03. Não adianta chegar antes porque nosso filho estará... em nossa casa, passando o Carnaval! E como queremos encontrá-los (ele e namorada) em Brasília, vamos esticar um pouco essa parte da viagem.
Uma constatação que fizemos e que vale de forma absolutamente igual para nós dois: temos um plano de chegar ao Alasca e tudo mais, mas neste momento, sentados no hotel em Ilha Solteira, nosso horizonte de viagem fica no Tocantins, talvez no máximo em Belém do Pará. Acreditamos que isso permaneça assim até o fim, sempre olhando para um futuro de no máximo umas duas ou três semanas.
01/03/2011 - Terça-feira: Ilha Solteira
Hoje fomos visitar a Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira. Hoje já existem usinas maiores, mas ainda é uma obra impressionante. Ter a oportunidade de ficar a menos de cinco metros de uma das turbinas e inclusive ver quase na ponta do nariz o rotor girando por ação da massa incrível de água que passa por ela é uma experiência única.
Tivemos sorte de sermos os únicos visitantes naquele horário, e além disso, como nosso cicerone pilota uma Hayabusa e também é apaixonado pela usina, acabamos conversando muito sobre esta e depois também sobre motos e viagens.
O resto do dia foi dedicado a consolidar nossa página Web, incluindo este texto e as primeiras fotos.
Aproveitamos também para fotografar uma novidade que não havíamos visto ainda: uma fábrica de equipamentos para academias distribuiu, em pelo menos quatro pontos da cidade, aparelhos simples similares aos de academia para uso da população. Uma idéia muito interessante!
02/03/2011 - Quarta-feira: Ilha Solteira - Jataí
Os preparativos para a partida nesse dia já foram complicados: estava chovendo, e colocar as coisas na moto sob chuva (o hotel não tinha uma cobertura) não é fácil.
Nesse processo acabei conversando com uma pessoa que mais uma vez mostrou que cada um tem sua aventura: ele percorreu mais de 4.000 km. dentro do Mato Grosso do Sul, com a mulher na garupa de uma Twister. E a trabalho! E nós podemos ter o luxo de passear numa BMW!
A primeira metade da viagem de hoje foi sob chuva quase contínua mas não suficientemente forte para ser realmente um problema. Ajudaram muito a boa qualidade da pavimentação e o pouco tráfego da BR158.
Em Cassilândia paramos para tirar a roupa de chuva no estacionamento de uma loja de artigos para agricultores e acabamos agraciados com água, café e banheiros limpos pelo gerente da loja, Eurípides. Conversamos bastante (ele também é motociclista) e ouvimos uma interessantíssima descrição do clima da região: "aqui nós só temos duas estações: verão e rodoviária.".
O resto da viagem foi uma sequência de dribles, poucos bem sucedidos, na chuva. A gente olhava para aquela parede de água caindo e ficava torcendo para a estrada virar para o lado contrário. Na maioria das vezes pegamos um pouco da chuva mas que nem molhava direito. Aí vimos um paredão cinza bem à frente, e descobrimos que nossa aposta na sua 'espessura' estava errada: tomamos um belo banho, acompanhado de uma ventania das boas. Mas depois ainda pegamos sol suficiente para chegarmos secos em Jataí.
Até o momento podemos resumir a viagem da seguinte forma: é só nos preparmos para montar na moto ou para sair para um passeio a pé para a chuva se manifestar.