Além do problema da própria roupa, há outros ítens que têm que ser acondicionados ou transportados na mão por questão de segurança (contra roubo), como a mala de tanque. Essa mala é grande, desajeitada (pelo formato irregular) e relativamente pesada. E o pior é que nosso plano inclui um trecho aéreo, e portanto temos que planejar levando em conta o que dá para levar na mão (número e tamanho de volumes + ítens proibidos) e o número de volumes que podemos despachar.
Bem, organizamos o que dava para organizar e aproveitamos a quarta-feira para passear: O Mangal das Garças é muito bonito e merece uma visita: Belém não é só a cidade das mangueiras, é também a cidade das garças. Mas lá, além de garças, há muitos outros pássaros (principalmente os guarás), borboletas, flores e plantas locais e uma torre de observação. Depois fomos a São José Liberado, uma exposição de minérios e gemas patrocinado por joalherias - interessante mas não imperdível - e a Feliz Lusitânia, o complexo de forte, museu de arte sacra, catedral e museu de arte contemporânea. A Catedral é muito bonita, e o museu de arte sacra é bem rico, e pudemos visitá-lo com toda calma enquanto chovia.
E nosso 'problema teatral' continua: já estivemos duas vezes em Manaus e não conseguimos visitar o Teatro Amazonas: uma vez estava em reforma e da outra vez estava fechado não lembramos por quê. Em Belém fomos visitar o Theatro da Paz e... está fechado para reformas. Vamos ver o que nos espera em Manaus!
Na quinta-feira levamos a moto logo às 9:00 horas para o navio. Depois de desmontar as malas laterais para facilitar a operação ela foi empurrada pelos carregadores até dentro do navio e amarrada a um poste no deck de carga. Quer dizer, esperamos que tenha sido amarrada, pois saímos do navio antes disso.
Ainda visitamos a Igreja de Nazaré, associada ao famoso Cìrio de Nazaré. Igreja lindíssima, que definitivamente vale a pena visitar. De lá passamos pela loja do Alex Reis para devolver sua câmera, fomos pegar outra com o David que compramos e seguimos para o barco com destino a Marajó.
Como é comum ler em guias turísticos, a viagem para Marajó dura aproximadamente três horas (também depende de maré), mas isso é apenas parte da história: chegando ao porto de Camará é necessário tomar um ônibus ou van que leva o viajante até Salvaterra ou Soure (há outros destinos mas esses são os preferenciais). E se o destino é Soure esse veículo ainda tem que atravessar um rio de balsa. Total da viagem: umas quatro horas e meia.
O trecho de barco é basicamente monótono, mas sempre se aproveita alguma coisa bonita. O trecho de van foi feito já ao escurecer, e com ajuda das janelas cobertas de Insulfilm super-escuro que são uma instituição aqui (não sabemos se é só proteção do sol ou também de assaltos) pouco deu para ver.
Chegando à pousada (Canto do Francês, muito agradável) foi o tempo de tomar um banho e jantar, e o dia acabou.
01/04/2011 - Sexta-feira: Soure (Ilha de Marajó)
Dia espetacular! Se tínhamos alguma dúvida sobre visitar Marajó ela se dissipou logo de manhã: contratamos um taxi que nos levou para visitar um curtume cem por cento artesanal, que preserva as técnicas manuais de preparação do couro e confecção das peças e depois a um atelier de arte marajoara onde aprendemos um pouco sobre as esculturas, feitas também preservando técnicas e padrões que respeitam a cultura marajoara.
Dali seguimos para a praia de Barra Velha. Deve ser uma completa muvuca nos fins de semana, mas estava praticamente deserta - tivemos que nos dar por felizes que havia três barracas abertas. Nos instalamos numa delas, tomamos banho de rio, em água doce mas que em outras épocas do ano se torna salobra. A areia da praia é bem batida, porque com as variações da maré a água chega a invadir as barracas, que ficam a uns bons 200 metros da água quando a maré está baixa.
Lugar muito bonito, em que o pessoal das barracas oferece inclusive um cantinho e uma rede caso se deseje pernoitar lá. A tentação não foi pequena!
Voltamos depois de comer um dourado grelhado, e à tarde fomos passear de búfalo na Fazenda São Jerônimo: a parte dos búfalos é pitoresca e desconfortável para quem não tem experiência de montaria, mas entre a ida e a volta há um passeio por uma trilha através dos mangues, que termina numa maravilhosa praia praticamente deserta. Coisa linda!!!
No passeio que fizemos fomos até a trilha de búfalo e retornamos também de búfalo. Há um outro passeio, em que se vai de lancha ('voadeira') e a volta é com os búfalos. Acreditamos que seja mais interessante, pois búfalos em dose dupla são dispensáveis.
Na volta o guia queria atiçar os búfalos para nos livrar da chuva que se aproximava, mas optamos pela água: aqueles mini-tanques de guerra trotando não são nem um pouco confortáveis.
Resumo: chegamos pingando água, e só não ficamos mais preocupados em molhar o taxi que nos levou porque o motorista fez o passeio conosco: estava tão encharcado quanto nós.