Beth & Heinz Klein

(Moto)viagens

Diário de bordo -  Américas 2011: EUA

Bacia do Mississipi

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10/10/2011 - Segunda-feira: Indianapolis, IN
A única atividade turística aqui foi a visita ao autódromo. Até pensamos em ficar mais um dia em Muskegon, mas há um tour mais completo, percorrendo a pista e outros pontos, que ocorre apenas alguns dias durante o mês, de março a novembro. E em outubro, até o dia 15 só havia um outro dia que era hoje.

E lá fomos nós! Esse tour percorre os quatro quilômetros (duas milhas e meia) da pista, com direito a uma parada na famosa linha de chegada em tijolos,

Depois o tour percorre salas da imprensa, cronometragem, pódio (que só é usado pelos vencedores do Moto GP) e o padock, com salões que se pode alugar. Segundo o guia, qualquer um (ficamos imaginando como esse 'qualquer um' faria para passar à frente das grandes corporações) pode alugar um desses salões. O mais barato custa 55 mil dólares, que dá direito a 80 pessoas de entrar e sair do autódromo durante os 14 dias que dura o evento da Indy 500, com estacionamento ao lado da torre, acesso a algumas áreas especiais como os pits, e todo o conforto de um salão acusticamente isolado e mais um conjunto de poltronas para assistir à corrida.
Para fanáticos ou para aquele 'uma vez na vida' nem é tão caro: menos de US$ 650 por pessoa. Ah, mas a champagne e o caviar você tem que levar...

Essa visita é acompanhada de explicações detalhadas sobre o uso das facilidades e da história do circuito. Depois pode-se visitar o museu que mostra a evolução das motos, dos carros, fotos de todos os campeões, com o Brasil bastante bem representado (Emerson Fittipaldi duas vezes, Tony Kanaan uma e Helio Castroneves três vezes) troféus e outros objetos.

É interessante pensar que um complexo desses, com custos que devem ser imensos, consegue sobreviver com apenas três corridas num ano: a famosa Indy 500, Brickyard 400 (Nascar) e Red Bull GP (Moto GP). Ué, dirá você, Interlagos não é diferente... É sim: Indianapolis Motor Speedway é propriedade privada (família Hulman) e deve dar lucro!

Mais uma vez, como já vimos em outros museus, todas as pessoas que trabalham ali são pessoas já de idade, começando pela porteira-segurança que dá orientação na entrada, motorista do ônibus, guias em geral. É interessantíssimo (e muito bonito) ver como a terceira idade é mantida ativa e ocupada com auxílio dessas instituições.


11/10/2011 - Terça-feira: Indianapolis, IN - St. Louis, MO

A viagem foi rápida mas poderia ter sido ainda mais: direto pela Interstate 70, cuja velocidade máxima é de 112km/h. Mas o que havia de pista única por causa de obras foi incrível. Mas foi uma viagem tranquila, pois o tempo estava bom, só com algumas nuvens cobrindo o sol de vez em quando, 25ºC: bem agradável. Estamos vivendo uma onde de calor que veio essa semana, talvez para compensar a de frio da semana anterior...


E demos uma passada rápida pelo Brasil, ou melhor, Brazil. Na hora faltou vontade de entrar para ver como era e acabamos registrando somente a passagem pela estrada.

Algo que já queríamos ter comentado mas que hoje extrapolou o razoável: um dia vimos uma embalagem de maionese Hellman's e nela está escrito real mayonnaise. Depois foi um tablete de chocolate: real chocolate. Será que há tanta coisa fake por aqui que os de verdade têm que se afirmar dessa maneira? E hoje veio a gota d'água: um billboard (aquilo que por alguma misteriosa razão se chama de outdoor no Brasil) de uma clínica médica anunciando real doctors. Como é que é???

E falando de billboards, outra coisa que chamou a atenção são advogados (devem ser escritórios grandes mas no anúncio aparecem foto e nome de uma pessoa) oferecendo seus serviços ao longo da estrada a quem tenha sofrido acidentes com danos pessoais.

Ah, mais uma: nos estados de Indiana e Illinois, como em outros que já atravessamos, não é obrigatório o uso de capacete por motociclistas. O que chama a atenção é que nesses estados o pessoal se comporta como se capacete fosse proibido: ninguém usa! E é relativamente comum ver o cara pilotando sem sequer usar óculos de proteção, só óculos de sol. Será que nenhum motoclista nesses estados acha que o capacete pode ser uma coisa boa para sua proteção? Se houver esse motociclista nós não o vimos. E já tomamos umas duas pedradas arremessadas por caminhões que simplesmente não entendemos como eles enfrentam de cabeça desprotegida. Será que as pedras só acertam capacetes?

Saímos de Indiana, entramos em Illinois e após atravessar o rio Mississipi chegamos a St. Louis, no Missouri. St. Louis é grande, com mais de 350 mil habitantes, e tem um Centro de Convenções enorme - ficamos no Holliday Inn bem ao lado dele. Pelo jeito esse hotel só tem movimento quando há eventos - ele estava muito vazio.

Fomos almoçar na Second Street, uma rua estreita de paralelepípedo, próxima ao rio Mississipi e do parque Jefferson Memorial, onde fica o Gateway Arch. Essa rua fica em Laclede's Landing, que é o centro turístico da cidade. Ela concentra muitos restaurantes em apenas uma quadra, alguns com mesas na calçada, muito agradável.

É uma rua muito interessante, lembrando um pouco a Rua Avanhandava, em São Paulo. Mas ao contrário da Avanhandava, os paralelepípedos desta estão super desalinhados, e os carros passam bem devagar, e os motoristas ficam olhando para as pessoas que estão sentadas à mesa... é esquisito. Há muitas pessoas negras nessa região e para o preconceito que, principalmente nós paulistanos, cultivamos em função da criminalidade, é bonito e um pouco difícil de compreender plenamente a convivência completa e respeitosa entre as etnias.

Depois do almoço fomos ver o Gateway Arch (Arco do Portão) ou Portão do Oeste. Ele simboliza a expansão dos Estados Unidos para o oeste. Foi desenhado em 1942 depois de um concurso com mais de cem participantes e a obra começou em 1963 e terminou em 1965. Tem 192 metros de altura e pode-se subir ao topo num trem-elevador com sete cabines bem pequenas, onde cabem cinco pessoas. No topo do arco só existe uma galeria de uns 20-30 metros com minúsculas janelas pelas quais é possível ter uma bela vista do Rio Mississipi de um lado e da cidade do outro.


Quando se compra o tiquete umas das perguntas feitas pelo funcionário é se a pessoa sofre de claustrofobia. Pensamos que fosse relacionado ao topo do arco, mas agora acreditamos que a pergunta é voltada às cabines de subida, pois se cinco adultos entrarem numa cabine a situação pode ficar complicada: os cinco assentos (simples bancos de fibra, sem descanso de braço ou coisa parecida) são dispostos num semi-círculo, e os próprios assentos praticamente encostam um no outro. Imaginem cinco adultos tentando se espremer nesse semi-círculo! Mas eles estavam colocando somente duas pessoas em cada cabine, só se fosse família de quatro pessoas eram colocadas juntas. A portinha de entrada já parece de casa de anão, pois não dá para se entrar esticado, tem-se que se dobrar.
Mas vale a pena o desconforto, pois além da bonita vista é divertido ver a engenharia das tais cabines: são articuladas de alguma forma, pois o conjunto parte mais ou menos horizontal mas sobe quase verticalmente. Inclusivem quando se chega ao destino, tanto na subida com na descida, a cabine que estava à nossa frente está atrás da nossa e vice-versa.

Do Gateway Arch voltamos passeando pelo centro até o hotel. St. Louis é uma cidade que deixa uma sensação meio estranha: estávamos em pleno centro financeiro e comercial da cidade, e as ruas desertas, tanto de carros como de pedestres. É muito estranho!


12/10/2011 - Quarta-feira: St. Louis, MO

Depois de acordar muito tarde e lavar roupa fomos almoçar na Union Station, a menos de dois quilômetros do hotel. Como o hotel oferece serviço de van, resolvemos ir dessa forma para voltar à pé. A Union Station é uma estação ferroviária desativada, construção muito imponente, em estilo românico. Na ocasião da inauguração (1894) foi a maior e uma das mais movimentadas estação ferroviária do mundo.

Ela foi desativada em 1978 e reaberta em 1985 como um grande projeto de revitalização: seu núcleo, ocupando quase que a totalidade da edificação, é o Hotel Marriot. Além disso abriga escritórios, um lago com muitos peixes e pedalinhos e vários restaurantes e lanchonetes. E tem também uma praça para festivais, concertos e outros eventos. Quem conhece São Paulo, capital, e já foi às lojas que ficam na antiga estação rodoviária Júlio Prestes só pode ficar triste de pensar no que se poderia fazer no local caso nossos governantes e empresários tivessem a capacidade de unir o útil ao agradável... e como ficaria agradável realmente.

Voltamos caminhando pela Market Street, uma larga avenida com muitas árvores e jardins no meio, os onipresentes esquilos, estátuas, fontes e bancos para se sentar, usados por muitas pessoas parecendo desocupadas. A maioria bebendo algo guardado dentro de um saquinho de papel – o que indica alguma bebida alcóolica - mas que nos cumprimentavam cordialmente. Aliás, por aqui não é surpreendente as pessoas nos cumprimentarem na rua: Hi, guy! How are you today?

Vimos algumas pessoas com uma bandeira cor de abóbora na frente de estacionamentos acenando para que os carros entrassem lá. Nos questionamos o por que daquilo: já passava das 18h00. Prestando mais atenção vimos muitas pessoas com a camisa do Cardinals (equipe de baseball da cidade) indo em direção ao estádio. Aí matamos a charada: deixar o carro lá e caminhar, mais ou menos um quilômetro, até o estádio. Comportamento usado universalmente. E depois descobrimos que os Cardinals são um dos quatro times que se classificaram para as super-finais nacionais de baseball.


13/10/2011 - Quinta-feira: St. Louis, MO - Springfield, MO

Nossa escolha de Springfield como próximo destino tem um nome: Route 66!!! Um dos trechos da mítica estrada corria de St. Louis a Springfield, e decidimos dar uma olhada nela: apesar de não termos em nenhum momento incluído a Route 66 em nosso roteiro, seria despropositado ignorá-la estando diretamente sobre ela em St. Louis.

Saímos com tempo encoberto, quase ameaçando chuva e temperatura de 17ºC. E muito vento, mas muito vento mesmo, daqueles de rajada que nunca se sabe de que lado vai empurrar a moto. E eles ainda têm os furacões para piorar a coisa por aqui. Mas depois de uma hora de viagem o vento havia levado as nuvens embora e o céu ficou azulzinho.

Pesquisando um pouco encontramos um site que nos pareceu bem interessante para planejar a Route 66, principalmente porque ele relaciona todos os pontos de interesse ao longo da estrada: www.historic66.com. Baseados na super-detalhada descrição desse site optamos por não procurar pela estrada em St. Louis. Pegamos a I-44 e saímos dela em Pacific - inclusive na placa da Interstate há indicação de que aquela saída é de acesso à Route 66!

Seguimos pela 66 de Pacific até Gray Summit, procurando identificar e fotografar as construções antigas indicadas como originais da estrada - há muitos estabelecimentos que usam o símbolo da estrada e são construídos para parecer velhos mas não são originais - e realmente encontramos o Red Cedar Inn Restaurant (que virou revendedora de carros usados, mas o prédio ainda está lá), Monroe's Diner e Wagon Wheel Motel (renovado mas preservando alguns detalhes que o ligam ao passado, como o luminoso da entrada e um carro antigo meio enferrujado ao lado da recepção).
Saímos da 66 e entramos na rodovia 44 para irmos até a Caverna Meramec que deve ser muito bonita pelo pouco que vimos na entrada, mas como a visita demoraria uma hora e meia - além do tempo de espera até o tour seguinte - ficaria muito tarde para continuarmos a viagem e desistimos de entrar.

Voltamos para a 66 para mais um trecho e depois retornamos definitivamente para a I-44 e tocamos para Springfield. A Route 66 tem 3.939 km de extensão, nem todos transitáveis. E chegamos à conclusão que não somos suficientemente sentimentais e/ou fanáticos para passar sequer um dia inteiro nela, nem pensar na estrada toda: apesar dos muitos pontos interessantes que foram preservados em diversos graus, a estrada como um todo, pelo menos aqui onde a percorremos, é extremamente chata!

Primeiro não é uma estrada que ofereça paisagens particularmente bonitas, até porque passa por tudo que é cidade e vilarejo. Depois ela serpenteia de forma completamente maluca pelas cidades do caminho, atravessando zonas residencias com limites de velocidade bem baixos e centros de cidades completamente deteriorados - os dois primeiros são interessantes, alguns seguintes pitorescos e dali para a frente são simplesmente feios. Por outro lado a sinalização chega a ser surpreendente: quase (pegamos uma ou duas falhas) cada virada da estrada é mostrada por uma placa, chegando ao refinamento de descrever diferentes traçados em diversas épocas ao longo de sua existência.

Só vimos a estrada no Missouri (e no Kansas), mas se a sinalização for assim em todo o trajeto não é tão difícil acompanhá-la. Por outro lado, sem uma sinalização como essa, ou a gente monta o roteiro todo no GPS antes de começar ou vai ficar completamente louco na estrada: as referências são por nomes de ruas ou estradas locais, muito difíceis de mapear.


Chegando em Springfield fomos para o hotel e tivemos uma agradável surpresa: havíamos reservado o Best Western Route 66 Rail Haven porque ele se apresentava no site da Best Western como um motel temático da Route 66. A primeira impressão foi bem agradável nesse sentido: Logo na frente do hotel há dois carros daquela época e duas bombas de gasolina bem antigas.

Depois, olhando as informações com mais atenção, descobrimos que esse motel realmente existiu desde 1938, e ele fica numa esquina (S. Glenstone com E. St. Louis) onde passa a Route 66.

E para completar Elvis Presley se hospedou aqui em 1956! Em 1961 foi remodelado pela rede Best Western mas eles preservaram as paredes de dois dos prédios originais como lembrança. Muito legal!

Foi um dia muito bonito! Assim matamos um pouco da curiosidade a respeito da legendária Route 66 - e amanhã faremos mais um trecho em Kansas.


14-15/10/2011 - Sexta-feira-Sábado: Springfield, MO

Essa cidade é reconhecida como sendo o local de nascimento da Rota 66, pois em 1926 foi aqui que se oficializou a decisão de construi-la e o nome da nova estrada que ligaria Chicago a Los Angeles.

No final da manhã fomos visitar uma caverna em Ozark, a Fantastic Caverns. Uma coisa interessante é que não se caminha por ela, mas vai-se num jipe que tem um reboque para passageiros. É bonita e como sempre por aqui eles têm interessantes histórias para contar. Nessa caverna, por exemplo, há um cano de PVC, relativamente grosso num dos cantos: eles o chamam de “stalagpipe” e está lá porque a pessoa que morava por cima cismou de furar um poço e acertou a caverna. Outra história é que membros do KKK (Ku Klux Klan) chegaram a morar na caverna por vários meses... e assim por diante. O passeio dura uns 50 minutos e há trechos tão baixos que temos que nos abaixar para não batermos com a cabeça. É um show próprio do país: luzes que se ascendem acionadas pela lanterna do guia, tiros de festim para acompanhar a história de soldados confederados que tentaram produzir pólvora dentro da caverna e até um vídeo de 15 minutos, dentro da caverna mostrando a história do achado. Vale a pena, pelo show, pois em matéria de caverna propriamente dita eles têm que apresentar algo melhor para competir com as grutas mineiras!

Depois fomos almoçar em Carthage e dali continuamos por mais um trecho pela Rota 66. Dependendo do trecho existem até três traçados diferentes conforme o período de existência da estrada. Nessa região, por exemplo, há um que foi usado de 1930 até 1955 e outro a partir de 1955. Será que quem quiser dizer que fez toda a Route 66 tem que percorrer os dois? Pegamos o trecho a partir de 1955 até Joplin e depois, continuamos até Baxter Springs, já no Kansas. E eis que, não mais que de repente, pouco depois de sair de Carthage, vemos um enorme Drive-in de cinema da época, direitinho como era. Tem até uma página no FaceBook sobre ele: 66 Drive-In Theatre.

Ao entrarmos em Kansas, além das placas diferentes, a rota já é mais primitiva, ou melhor, conserva mais a história do lugar. E quando chegamos em Baxter Springs a rua era bem mais larga e as casas ainda quase que como eram no século passado, algumas com alguma conservação, outras em processo de conservação e outras quase que abandonadas. Muito interessante.
Fomos até uma das pontes que atravessa o rio, que por sinal está desativada e só transita por ela quem quiser, e nós, como turistas exploradores da Rota 66, quisemos.

E sem perceber, nesse vai e volta, rodamos quase 340 km, e voltamos já no escuro, depois de um maravilhoso por do sol, com a temperatura descendo de 21ºC até 15ºC e nós sem agasalhos suficientes. Mas foi um dia proveitoso, cansativo sim, mas valeu pelo que vimos.


Hoje, dia 15, ficamos o dia inteiro no hotel, descansando e preparando este texto e as fotos para atualizar o site. Só saímos para almoçar, e no caminho lembramos de algo que também queríamos comentar aqui: a marca de postos Phillips 66 é nacional, mas certamente há muito mais deles por aqui que em outras regiões dos EUA.

Ah, mais um daqueles pensamentos que ocorrem andando por aí e que achamos legal compartilhar com vocês: em diversos estados americanos proíbe-se celular ao volante, mas as pessoas comem, bebem e fumam. Será que a proibição do celular é para impedir que derrubem alguma dessas coisas para atender o telefone?

Como decidimos ficar mais um dia só ontem à noite, só havia uma suíte temática disponível, mas valeu a pena: a decoração dela remete a Elvis, tem uma bela banheira de hidro-massagem e ainda por cima custa mais barato que o quarto simples que teríamos alugado em Memphis!

Amanhã tocamos para a cidade de Elvis Presley. Até lá!


16/10/2011 - Domingo: Springfield, MO - Memphis / TN

Dias de viagem não costumam ser muito interessantes, mas este não foi dos piores. Saímos de Missouri, passamos pelo Arkansas e chegamos ao Tennessee. Tempo bom, céu azul, temperatura que foi esquentando, esquentando e chegou em 33ºC - e pensar que há menos de duas semanas estavam gelando com temperaturas próximas de zero!

Quase a viagem inteira sendo empurrados pelo vento: às vezes por trás, mas na maior parte do tempo de lado, quase pela frente! Para dar uma idéia o consumo da moto aumentou uns 10%. E dividimos a viagem em três trechos incrívelmente iguais: a diferença entre o mais curto e o mais longo foi de 10 km. - completamente por acaso!

Novamente a estrada cortando muitas fazendas, mas dessa vez as plantações mudaram: entramos na área do algodão. Depois ficamos sabendo que Memphis chegou a concentrar dois terços de todo o negócio de algodão dos EUA. São plantações muito bonitas, ainda mais que pegamos tudo branquinho.

Para chegar a a Memphis cruzamos novamente o rio Mississippi, dessa vez para o leste. É bem aqui em Memphis que ele volta a fazer a divisa entre o Arkansas e o Tennessee. As divisas de estados ao longo do Mississipi são uma coisa muito estranha: praticamente todas as divisas, em todo o país, são linhas retas, que ignoram completamente quaisquer acidentes geográficos.

Aqui, o rio serve de divisa entre estados desde Cincinatti, mas a partir da cidade de Cairo,no Illinois, as divisas se afastam e retornam ao rio ao longo seu traçado. Não verificamos, mas dá a impressão de que o curso do rio mudou ao longo do tempo, desviando-se das divisas inter-estaduais.

O hotel Sleep Inn fica muito bem localizado pois está a uma quadra da margem do rio e perto de vários pontos turísticos da cidade - mas hotéis nessas condições não faltam, eles ficam um ao lado do outro nessa área. Fomos jantar e saindo pela parte de trás do hotel é a Main St., por onde passam os bondes da cidade: muito charmosa. Também vimos circular vários fiacres, cada um com decoração mais original que o outro. À noite alguns têm iluminação na decoração e ficam parecendo a carruagem da Gata Borralheira.

Acabamos passando em frente ao famoso Peabody Hotel onde pretendemos ver a Marcha dos Patos -escreveremos mais sobre isso amanhã. Depois fomos caminhar, romanticamente, à beira do rio aproveitando a brisa agradavelmente fresca que soprava e tiramos algumas fotografias da cidade iluminada e dos reflexos do por de sol. Muito bom caminhar um pouco depois de ter passado o dia todo na moto.


17/10/2011 - Segunda-feira: Memphis / TN

Ao planejar nosso passeio de hoje descobrimos que em Memphis é perfeitamente possível dispensar tours - chegáramos a considerar tomar um: pegamos a lista dos lugares que ele visitaria e fomos olhar no mapa. Praticamente tudo num raio de menos de um quilômetro do hotel. A única atração um pouco mais distante (1,5 km., mas mesmo assim na mesma linha que outras) era o Sun Studio, mas em compensação de lá sai um ônibus gratuito (para quem faz o tour do estúdio) que leva e traz de Graceland, a mansão de Elvis.



É uma residência, com um atmosfera que permite sentir com muita facilidade que ali viveu uma família!

O que realmente impressiona é a galeria de discos de ouro, platina e outros troféus que ele ganhou pela venda de seus discos - calcula-se que ele vendeu mais de um bilhão de discos no mundo inteiro. Há também uma coleção das roupas que ele usava em seus shows. Dá um aperto no coração ver que ele, como tantos outros, não conseguiu lidar com a fama e teve uma vida tão curta.

E voltamos para o hotel para terminar o dia e planejar a continuação da viagem - ainda não fizemos isso. Temos que decidir para onde ir!!!


18/10/2011 - Terça-feira: Memphis / TN - Jackson / MO

Bem, decidimos manter o que já era a idéia para essa área: conhecer Baton Rouge e rever New Orleans - e provavelmente seguir para a Flórida ao longo da costa do Golfo do México.

A parada em Jackson foi puramente ´técnica´: era a distância que consideramos adequada para o dia. Viagem normal, totalmente por auto-estrada (Interstate), com tempo agradável e seco.

Então foi muito tranquilo: saímos andando, fomos ver a Bolsa de Algodão, a estátua de Elvis e a marcha dos patos no Peabody. Ah, essa é imperdível: diz a lenda que em 1932 o gerente geral do hotel, Frank Schutt, e um amigo (Chip Barwick) voltaram de uma caçada um tanto 'carregados' de Jack Daniels - lembrem-se que estamos no Tennessee, terra do Jack Daniels - e resolveram soltar os patos que usavam como chamariz na fonte do hotel. Ao contrário do que se poderia esperar os patos fizeram enorme sucesso e se tornaram um ativo do hotel, apenas substituindo os pequenos patos usados como chamariz por animais maiores.

Em 1940 um carregador do hotel, Edward Pembroke, que tinha experiência como treinador de animais, se prontificou a encontrar um ritual e treinar os patos para ir para a fonte todo o dia.
Daí surgiu a marcha dos patos: duas vezes por dia (11h00 e 17h00), ao som de uma marcha, eles descem de elevador e quando a porta se abre vão para a fonte.

Não sabemos se em outros dias é diferente, mas hoje seria um pouco difícil chamar aquilo de marcha: quando a porta do elevador abriu os cinco patos sairam em disparada para a fonte. Por sorte estávamos filmando, porque não teríamos conseguido fotografá-los naquela velocidade... E eles vêm acompanhados por seu treinador, de casaca vermelha e bengala, muito formal!

Agora imaginem um saguão de hotel extrememente luxuoso - aquele luxo bonito e gostoso de hotéis clássicos, não a opulência normalmente sem atmosfera dos hotéis modernos - lotado de gente para todos os lados para ver os tais patos. Não sabemos se hóspedes que pagam a partir de US$ 209,00 por noite acham essa muvuca muito interessante...
Dali fomos para o Sun Studio, uma caminhada de mais ou menos um quilômetro, onde Elvis gravou seu primeiro disco. O prédio original foi transformado num museu, e há um tour guiado muito interessante, contando a história da gravadora, não só no que se refere a Elvis mas em geral como começou e como ela continuou fazendo sucesso depois de ter vendido o contrato de Elvis para a RCA. Primeiro eles nos apresentam um pouco da história e depois visita-se o estúdio onde eram feitas as gravações - dali saíram os primeiros discos de gente como B.B. King, Roy Orbisson, Elvis e outros. Nem somos fãs tão fanáticos de Elvis, mas a atmosfera acaba arrastando, a começar por Eldorado (que pseudônimo o cara foi arrumar), o guia do tour: cabelo com gel, um portentoso par de costeletas e um jeito todo especial de contar as histórias.
Terminado o tour tomamos o ônibus para visitar Graceland, a mansão onde Elvis viveu em Memphis. Ela também é um museu dentro de um imenso complexo de culto ao mito Elvis Presley: além de Graceland há o museu com seus aútomóveis e motocicletas, uma exposição de seus dois aviões particulares - imaginem, em 1960, alguém ter dois aviões a jato, um deles um quadrimotor - e nem sabemos mais o que. Decidimos limitar nossa visita a Graceland.
É uma visita muito interessante, e que também acaba mexendo com os sentimentos mais do que se acreditaria. A gente recebe um equipamento com uma gravação para orientar a passagem pelos aposentos, fornecendo informações que acabam nos trazendo para dentro da vida daqueles que moraram ali. Chega a ser surpreendente comparar a vida que Elvis levava ali com o que se vê de esbanjamento e exagero hoje em dia: pode ser que Elvis tenha gasto muito dinheiro naquela casa, mas Graceland é modestíssima comparada com mansões de gente muito menos famosa e rica que Elvis Presley.
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