A estrada começou com as Montanhas Rochosas nos acompanhando até um pouco além do fim do Parque Nacional de Banff. Depois começou uma área de campos, com plantações, principalmente de feno, e pecuária.
Passamos por um trem levando containers. Ele estava parado, e deu para medir seu comprimento no odômetro da moto: uns 2 km.! Fizemos as contas: um container de 40 pés (o mais usual) mede 14m de comprimento e o vagão uns 15-16 m. Logo, esse trem tinha uns 125 vagões. Cada um levando dois containers (eles levam um em cima do outro) evita 250 caminhões rodando pelas estradas. Eis uma das razões para o tráfego leve e tranquilo.
A viagem foi tranquila, pista dupla, 123 km de distância, atmosfera limpa, céu claro, muito movimento no sentido contrário. É final de semana, mas ficamos cismados: eram 11h00! Esse pessoal pode sair tão cedo na sexta-feira?
Na chegada a Calgary se avista as instalações do Parque Olímpico (Olimpíadas de Inverno de 1988). É uma cidade muito grande, com uma população de pouco mais de 1 milhão de pessoas. Ficamos meio assustados com o trânsito e o congestionamento depois de um mês só em cidades muito menores.
A parada nessa cidade tinha um objetivo específico: fazer a revisão de 70.000 quilômetros da moto. A autorizada BMW é muito estranha: eles são revenda/oficina autorizada de BMW, Kawasaki, KTM, Piaggio, Triumph, Suzuki, Yamaha e não lembramos mais quais. Incrível, os caras vendem e suportam quase tudo que circula em duas rodas! Aproveitei para comprar botas novas, pois as que saíram do Brasil estavam totalmente acabadas.
Essa loja multi-marcas também nos permitiu entender algo que não estava claro até agora: certamente a maioria absoluta de motos custom aqui é Harley, mas existem inúmeros modelos das japonesas que, na estrada, parecem Harleys - carenagens frontais parecidas e malas também semelhantes. Começamos a achar que um bom número da motos grandes que vimos não eram Harleys.
A revisão foi normal, mas nos deram uma notícia estranha: os discos dos freios estariam com medidas (espessura) abaixo da especificação. Uai, 70.000 km dos quais 30.000 quase sem usá-los? Eles não tinham os discos e provavelmente não teríamos trocado mesmo assim. Vamos ver o que dizem na revisão dos 80.000.
Fomos dar um giro num shopping perto do hotel para comermos alguma coisa e voltamos às 21h00 só vestidos com a camiseta, a camisa segunda pele, jeans e tenis. Que delícia de tempo!
20/08/2011 - Sábado: Calgary
Hoje fomos conhecer alguma coisa na cidade. Fomos ao centro da cidade, um paliteiro de altos prédios, como qualquer cidade grande. Logo depois de sair do hotel um cenário que mostra como cidade grande é igual em qualquer lugar: havia um gargalo na avenida provocado por uma obra e formou-se um belo congestionamento. Não demorou muito e o pessoal (e nós) começou a fazer retorno na contra-mão ou por cima do canteiro central. Já viram isso em algum lugar?
O trânsito é mais nervoso e barulhento, a ponto do barulho do escapamento das Harleys e de alguns carros se tornar mais irritante. Aliás, com todas a regras que existem por aqui, não entendemos como essas motos podem ser tão barulhentas! Mas o respeito pelo pedestre continua: enquanto não estivermos com os dois pés na calçada, depois de atravessarmos uma rua, o motorista não avança o carro. Estamos ficando cansados dessa gente que insiste em cumprir a lei.
Visitamos uma casa antiga que hoje está transformada em museu da cidade: Lougheed. Ela tem um pequeno jardim (em comparação com outros que visitamos), mas ele acabou tendo um sabor especial: começamos a conversar (ou melhor, fomos abordados) com uma senhora que cuidava do jardim, e ficamos encantados com o amor dela pelo trabalho. E ela nos mostrou um pedacinho muito especial desse jardim: essa parte foi idealizada por um grupo de alunos de quinta série, que primeiro tiveram aulas de artes, matemática e depois desenharam o canteiro. Mais um exemplo da combinação de educação com brincadeira.