Nesse caso aconteceu algo engraçado: entramos numa espécie de deck que faz a frente do restaurante, e lá havia algumas pessoas sentadas bebendo - pensamos que aquela parte fosse um bar. Vimos uma porta aberta ao lado e entramos por ela. Sem dúvida era o salão do restaurante, mas não víamos ninguém para nos atender. Só depois de irmos até o fundo do salão fomos vistos pelo proprietário, que estava sentado numa área privada do restaurante e chamou a garçonete para nos servir.
Ainda bem que aqui existe o costume de se ser conduzido à mesa por uma recepcionista, que era o que estávamos procurando. No Brasil teríamos sentado a uma mesa e provavelmente esperado até nos irritarmos e irmos embora...
Aproveitando, um comentário sobre o procedimento dos atendentes em restaurantes. Depois de você pedir a refeição e ser servido, o atendente vem e pergunta se está tudo certo e se você deseja mais alguma coisa - isso enquanto você ainda está comendo! Caso você diga que não, minutos depois ele/a já traz a conta, dizendo que pode-se ficar a vontade, o tempo que quiser e que depois traz a máquina do cartão.
Já concluímos que esse procedimento é uma forma de diferenciar restaurantes 'comuns' de outros um pouco mais refinados: só nesses últimos eles esperam que se termine de comer para vir perguntar se se deseja uma sobremesa ou café e só depois da negativa trazem a conta - sem que tenhamos pedido; essa parte parece ser imutável.
24/08/2011 - Quarta-feira: Regina - Winnipeg (MB)
Dentro do que nos interessava e que dava para fazer Saskatchewan não oferece muito. Depois do dia anterior em Regina decidimos tocar para Winnipeg, em Manitoba.
Essa província é uma das mais desenvolvidas do Canadá e fica no centro do país, sendo corredor de passagem comercial e turístico e é um dos maiores produtores de grão.
Que viagem! São 570 km toureando o vento. E não é aquele vento constante, são rajadas que parecem dar uma rasteira na moto e um tapa no capacete. Muito cansativo! E nas paradas precisa-se ter cuidado em como se larga as luvas ou qualquer objeto mais leve: o vento leva mesmo. Além disso esse ronco constante no capacete vai cansando e até se tornando um sonífero - tivemos que parar na beira da estrada para lavarmos o rosto e acordar um pouco.
Houve um trecho que assustou: eram uns trinta quilômetros, precedidos por um aviso de óleo e areia na pista. E não eram manchas, a pista inteira estava preta e com areia por cima! Não dava para saber com clareza quanto óleo realmente havia ali. Só nos restava procurar as faixas dos pneus de carros, que já estavam um pouco mais claras e davam um pouquinho mais de segurança (ou menos insegurança). Em alguns desses trechos preferimos trafegar pelo acostamento, pois a incerteza com a pista era muito grande.
Aliás, estamos chegando à conclusão que, do ponto de vista das estradas, a época ideal para viajar aqui deve ser no outono: na primavera elas estão arrebentadas; no verão estão consertando. No outono devem estar boas...
A viagem inteira é ao longo de plantações e pastos. Desde Calgary - mais de 1.400 km - que o cenário não muda. Impressionante, essa região é o celeiro do Canadá! E um efeito muito bonito dependendo da hora e do ângulo de incidência do sol, é o do feno enrolado refletindo a luz que bate nele: parece capim dourado.
Outra coisa muito interessante é que por qualquer lugarejo por onde se passa há um museu local. Não paramos em nenhum, mas algum dia ainda pararemos só para ver qual será esse acervo. Ficamos com a impressão que quaisquer três xícaras velhas e quatro cartas de antepassados são suficientes para justificar a abertura de um museu.
Nessas áreas agrícolas, sempre que a casa de uma fazenda estava à margem da rodovia, havia uma espécie de oásis: tipicamente se vê, na área em que fica a casa, um celeiro, pelo menos duas picapes, um trailer ou um trailer misto (cavalos e cuidadores), às vezes um barco, além de máquinas agrícolas. E tudo isso cercado por um bosque e jardins bem floridos. Bem diferente do que estamos acostumados a ver no Brasil.
A chegada a Winnipeg surpreendeu um pouco: estamos acostumados a algum tipo de estrada ou via rápida que leva para dentro ou bem perto da cidade, principalmente em cidades maiores. Em Winnipeg anda-se uns dez quilômetros de avenida normal, cheia de semáforos, desde subúrbios que nem sabemos se já são parte da cidade. E a qualidade da pavimentação dessa avenida e também das ruas em geral deixou muito a desejar: foram de longe as ruas mais irregulares que pegamos desde que saímos da América Latina.
25/08/2011 - Quinta-feira: Winnipeg
Dia de céu límpido, sol quentíssimo, mas com o ventinho dá para aguentar. Na realidade é uma coisa meio louca: torra-se no sol e treme-se na sombra!
Winnipeg também não é uma cidade super-turística. A impressão deixada ontem pelas ruas de entrada na cidade se confirmou hoje. E o comportamento dos motoristas aqui também é menos comportado que no resto do Canadá que vimos até agora.