Beth & Heinz Klein

(Moto)viagens

Diário de bordo -  Américas 2011: EUA

Costa Leste (II)

Próxima página
Página anterior
Próxima página
Página anterior
Double click to edit
22-23/09/2011 - Quinta-feira - Sexta-feira: Washington, DC

Os dois dias foram dedicados a passear na capital dos EUA. No dia 22 tomamos o metrô e basicamente andamos pelo Mall, a imensa área que vai do Capitólio de um lado até o memorial a Abraham Lincoln do outro.

A diversão começou no metrô: ficamos lendo as instruções e recusando a oferta de ajuda do funcionário do metrô. Depois de muito ler aceitamos a ajuda, e descobrimos que jamais teríamos conseguido comprar os bilhetes certos sem essa orientação - as máquinas do metrô de Washington batem tudo que havíamos visto em matéria de procedimentos estranhos.
Washington é uma cidade que exige muito tempo para realmente ser explorada: há uma dezena de museus ao longo do Mall - visitamos o Air and Space Museum da Smithsonian Institution - além do Capitólio, que também vale a pena visitar - acabamos não fazendo, pois só ali gastaríamos mais de uma hora.

Fomos parar na Union Station por acaso/erro: no Capitólio pedimos ajuda de um voluntário que ajuda os visitantes para chegar ao Lincoln Memorial, lá do outro lado do Mall. Ele nos indicou o ônibus, que tomamos.
Depois de menos de quinze quadras, sendo metade delas voltando para o lado de onde viéramos, ele parou na Union Station e o motorista mandou todos descerem. Perguntamos a ele o que se passava e recebemos a informação de que a linha que servia o Memorial já não existia há tempo! Lá se foram US$ 4,00 para dar a volta na quadra, ou quase isso.

Já que estávamos ali resolvemos almoçar na própria estação, que oferece diversas opções tipo praça de alimentação. Comemos numa lanchonete toda decorada em estilo anos 50-60, inclusive os garçons e garçonetes trajados como naquela época. Muito legal. Já havíamos visto um restaurante nesse estilo no caminho de Elizabeth para Philadelphia, e o restaurante onde almoçamos em Philly também tinha esse jeitão. Parece haver um bom número de estabelecimentos explorando esse estilo.

Depois de uma nova viagem de metrô - que tivemos que pagar porque a passagem que compramos em Arlington era só para vir e voltar - visitamos o Lincoln Memorial - muito bonito - e fomos ver a Casa Branca. A quantidade de monumentos e edifícios monumentais em Washington é incrível!

Na Casa Branca bateu o cansaço, e decidimos retornar ao hotel. Nova - e interessante - surpresa com a passagem do metrô. De manhã havíamos comprado uma passagem mais barata, que tinha como condição retornarmos apenas depois das 19h00. Como voltamos mais cedo estávamos curiosos para saber o que aconteceria. Muito simples: conseguimos entrar no metrô, fazer a viagem, mas não conseguimos sair! Ao contrário do que costuma-se ver em outros lugares, aqui é necessário passar o bilhete na catraca também ao sair. Nesse momento a catraca não abriu e apareceu uma mensagem mandando pagar a diferença numa máquina ao lado. Embarcamos antes das 19h00 e chegamos depois desse horário, mas o sistema 'sabia' que embarcamos antes da hora. Essa parte é muito bem pensada, faz os ajustes necessários com o mínimo de dor de cabeça para os dois lados!

No dia 23 corrigimos um erro, ou melhor ignorância, do dia anterior: na verdade o museu que queríamos ver era 'o outro': só depois de andar um bocado no museu de Washington descobrimos que atualmente o Air and Space Museum do Smithsonian tem dois locais, um no Mall e outro perto do aeroporto internacional Dulles. Então fomos para lá, ver alguns exemplares muito interessantes de aeronaves: um supersônico Blackbird, um Concorde, um protótipo do ônibus espacial Enterprise e o Enola Gay, o avião que lançou a bomba de Hiroshima - aparelho de triste lembrança mas de indiscutível importância histórica.

Pena que não dava nem para dar uma olhadinha para dentro dessas aeronaves. Nem mesmo uma passarela para olhar pelas janelas. Acabou sendo um pouco frustrante...

Dali fomos almoçar em Georgetown, subúrbio muito charmoso de Washington. Pena que estava chovendo, pois caminhar um pouco pelas ruas é uma das atrações desse delicioso pedacinho da capital norte-americana.

E dali voltamos para o hotel e Karen e o DT se foram. Esses três dias passaram muito depressa, e na ânsia de ver e fazer coisas acabou sobrando pouco tempo para simplesmente curtir a presença deles. Mas foi muito bom!!!


24-27/09/2011 - Sábado - Terça-feira: Washington, DC - Lewes, DE

Não sabemos bem porque, mas estávamos extremamente cansados. Isso aliado à necessidade de atualizar nosso site nos levou a uma decisão meio esquisita: queríamos ver alguma coisa de Delaware, e optamos por um hotel confortável mas fora da zona praiana, para realmente não fazer nada.

A viagem foi bonita e interessante: na saída de Washington ainda conseguimos ver o Jefferson Memorial, que é meio fora de mão em relação ao Mall e por isso havíamos descartado no dia da visita. Vimos de longe, mas vimos... Depois fomos surpreendidos por um extendo trecho dedicado à agricultura e pecuária - incluindo até bisões. Não há nenhuma razão concreta para isso, mas não esperávamos esse tipo de atividade nesse trechinho de 200 km. entre Washington e o litoral.

Outra beleza da viagem foi a travessia da baía de Chesapeake: uma longa ponte, chamada de Bay Bridge, com 6,9 quilômetros de extensão. Ela é dupla (uma ponte em cada sentido) e seu trajeto não é reto como a maioria das pontes: ela faz uma curva de uns bons 45º.

E vimos algo bem diferente: em pelo menos dois pontos da estrada havia venda de churrasco em barraquinhas. Não chegamos a ver qual seria a carne, mas havia anúncios mencionando porco, frango ou gado.

E muitas placas aludiam à hospitalidade, tratamento e costumes típicos do povo do sul. Isso deixa uma impressão de que a rixa entre norte e sul ainda não foi totalmente eliminada. E além disso é surpreendente perceber que o sul começa tão ao norte: olhe o mapa dos EUA e veja onde fica o estado de Delaware!

E cumprimos nosso programa de 'retiro' de forma até exagerada: chegamos em Lewes no meio da tarde e ficamos enfurnados no hotel trabalhando no site até o dia 27. Praticamente só saíamos para comer. Um forte motivador para esses dias foi a cobrança dos que nos acompanham: é muito mais gostoso trabalhar quando se sabe que há um público para isso. E a banheira de hidromassagem também era uma diversão gostosa no fim da tarde...


Só uma vez saímos para dar uma volta por Lewes e Rehoboth (que nome estranho!) para pelo menos ver onde estávamos. Lewes, a primeira capital do estado, é pequena (2.800 habitantes) mas é uma graça de cidade, com um pequeno centro histórico charmosíssimo. Há um canal que corre desde Rehoboth até Lewes, e ao longo desse canal há casas muito bonitas, separadas do canal por uma rua. E a margem do canal é um imenso atracadouro de barcos de todos os tipos e tamanhos - dá para ancorar o barco em frente da casa. Olhando classificados imobiliários da região vimos que ali há casas sendo vendidas por US$ 7.000.000 - não erramos os zeros não, é isso mesmo!

E a praia é praia de verdade, com areia um pouco mais grossa que as do Brasil, mas muita areia e bastante praia. A água bem mais quente do que a do lado do Pacífico e a quase ausência de vento torna tudo mais convidativo. Havia algumas pessoas na areia, sentadas, lendo... mas nenhuma na água.

Depois fomos para Rehoboth, uma cidade maior em construções, mas com uma população menor (1300 habitantes). As construções são para os turistas: no verão e feriados sua população chega a 25.000 habitantes.

Perguntamos preços em um par de hotéis, e um deles foi marcante: no Boardwalk Plaza os funcionários da recepção estavam uniformizados no estilo inglês e tinham até um sotaque britânico - aliás, nesse canto dos EUA encontra-se com certa frequência um sotaque que puxa para esse lado - combinando com a decoração vitoriana do local. Muito elegante - só nós, com nossas jeans e casacos de cordura não combinávamos muito. Jantamos no restaurante do hotel, muito bonito, com uma decoração bem aconchegante e com pratos bem apresentados e muito saborosos. Serviço de qualidade por preços muito razoáveis.

Uma coisa espetacular é a solução urbanística de Rehoboth: há um deck de madeira correndo ao longo de todo o trecho urbano da praia, e todos os hotéis, restaurantes e condomínios (quase a totalidade das edificações na orla) dão para esse 'calçadão'. Jantamos na parte externa do restaurante, diretamente à margem dessa passarela. As ruas terminam nela, de modo que não há nenhum trânsito na orla da praia. Muito legal!

Essas duas cidades, sem que tivéssemos realmente ideia do que nos ofereceriam, foram uma ótima pedida de parada. Como já disséramos anteriormente, parar em cidade litorânea, com o clima semelhante ao do Brasil nos reanima e revigora: voltamos às raízes caiçara. Já paramos em várias praias lindas ao longo desses meses, porém como muitas foram no Pacífico, ficávamos meio frustados por ver um mar tão lindo, águas tão límpidas, aparência tão cinematográfica, mas que simplesmente eram para ser vistas de dentro do quarto, com a janela fechada. Ou ir até o mar com agasalho e tênis e nem poder tocar na água.


Algo que chamou atenção nesses dias foi a estranha finalidade das calçadas. Como ficávamos totalmente sedentários, optamos por comer sempre em restaurantes da redondeza do hotel, de forma a pelo menos nesse momento caminhar um pouco. Essa caminhada se dava ao longo de uma avenida/estrada típica deste país, e ao longo dela há calçadas. Entretanto, de repente, sem motivo aparente, a calçada simplesmente termina! Então ela é feita para se caminhar ou é apenas um componente estético da rua?


28/09/2011 - Quarta-feira: Lewes, DE - Williamsburg, VA
Bem, um dia tínhamos que continuar, não é? Esse dia foi hoje. O destino foi Williamsburg, da qual falaremos mais amanhã. Para assegurar que não faríamos o mesmo caminho da vinda (pela Bay Bridge, que parecia o mais rápido) pegamos uma estrada ao longo da costa por alguns quilômetros antes de ligar o GPS - dessa forma ele foi 'convencido' a nos levar por ali.

Pensávamos que seria devagar, mas deu para vir numa média de 80 km/h, por locais muito bonitos. É interessante ver como, mesmo estando-se no litoral, se encontra áreas agrícolas - tomates, milho, morangos, abóbora, batata - e criação de cavalos. É só se distanciar alguns poucos quilometros da praia, uns seis quilometros, e já se nota essas atividades, sendo feitas entre casinhas muito bem cuidadas, com varandinha, jardins, e o barco 'estacionado' no gramado. Legal ver como vive muito bem grande parte da população norte americana.

O grande evento da viagem foi a travessia da outra ponte da Chesapeake Bay: a Bay Bridge-Tunnel. É isso mesmo, o nome se diferencia somente pelo '-Tunnel'. E como diz o nome, é uma ponte como a outra mas que, em dois pontos, mergulha por baixo do mar para permitir a passagem de navios. São quatro segmentos de pontes, com dois túneis.

A ponte tem 28,16 km. sobre o mar e um total de 36,8 km de extensão. Liga a cidade de Virginia Beach a Cape Charles, na Chesapeake Bay. Os túneis têm 1,6 km de extensão cada um. Essa beleza de engenharia foi inaugurada em 15 de abril de 1964 com dinheiro arrecadado nos pedágios. Nenhum dinheiro da União, do Estado ou da Prefeitura foi usado! O traçado não retilíneo ocorreu devido a profundidade e as correntes marítimas. Os túneis foram impostos pelos governo federal e pelos militares, em tempos da Guerra Fria, pois a Base Naval de Norfolk fica nessa região e não podeira ter nada obstruindo o canal de navegação de cruzadores, porta-aviões e escaleres. É realmente impressionante trafegar sobre o mar e “no mar”.

Continuando passamos por Norfolk, novamente pontes e túnel, pegamos uma chuva rápida, mas bem forte, com direito a raios, mas chegamos já secos em Williamsburg, com a temperatura acima de 30ºC.


29/09/2011 - Quinta-feira: Williamsburg, VA

Essa parada em Williamsburg teve dois aspectos especiais para nós: estamos completando o circuito histórico da época da Independência dos Estados Unidos (passamos por Boston, Filadélfia e agora Williamsburg) e também fazendo uma jornada sentimental no tempo: estivemos em Williamsburg em 1976, na primeira vez em que viemos aos EUA.

Williamsburg tem uma área histórica (Colonial Williamsburg) que é como se se entrasse numa máquina do tempo. O bairro foi conservado e restaurado para mostrar como era no fim do século XVIII. Pode-se simplesmente caminhar por lá, sem pagar taxa alguma ou, se quiser visitar as diversas casas residenciais, comerciais e governamentais que existiam e participar dos tours aí, sim, você paga uma taxa de U$37,90 e pode ter muitas informações a respeito da história do lugar.

Já no Centro de Visitantes há a apresentação de um vídeo de quarenta minutos em que se toma contato com a história do movimento da independência. As pessoas que trabalham em Colonial Williamsburg usam vestimentas da época da colonização e como andam pelo bairro cuidando das diversas atividades que ocorrem, dão um ar muito interessante à área.

Em horários pré-estipulados há apresentação de teatro a céu aberto ou apresentação de música. Na porta de algumas casas há senhoras fazendo cestos de alguma palha, homens separando a paina da semente, e assim por diante. Além disso visita-se o Capitólio, a cadeia, a peruqueira, a farmácia, o marceneiro, o sapateiro, o armazém onde se vende tecidos, louças e outros produtos, todos vindos da Inglaterra, a casa de uma família escravagista, bem como o Palácio onde morava o governador e outras áreas. Passa-se, tranquilamente umas sete horas ou mais se se quiser ver e ouvir tudo.

Como estávamos só a um quilômetro de distância desse bairro fomos a pé e novamente nos deparamos com calçadas que acabam no meio do caminho, o que nos obrigou a atravessar uma rua com duas pistas de rodagem em cada direção e sem faixa de pedestre. E esse caminhada fez com que encontrássemos um cervo novinho se alimentando no meio de um bosque à beira da avenida.

Pelo segundo dia fomos comer no mesmo restaurante (Golden Corral): ele oferece um buffet bem completo: pãezinhos diversos, quatro tipos de sopas, saladas bem variadas, pratos quentes com diferentes tipos de carne, inclusive churrasco, massas, pizza, arroz, um monte de sobremesas desde frutas e cookies até bolos, tortas, coberturas e chantilly, além do café (norte americano, dispensável!). Tudo isso por U$ 10,20 por pessoa. Mesmo que se coma pouco (como fizemos) as sobremesas fazem valer a pena!


30/09/2011 - Sexta-feira: Williamsburg, VA - Winston-Salem, NC

Para sair de Williamsburg resolvemos pegar a Colonial Parkway, uma estrada-parque que liga as três cidades históricas que compõe essa área: Yorktown, Williamsburg e Jamestown, nessa ordem. Saimos na direção de Jamestown, a menos de 15 km. A estrada é muito bonita, e nem se pensa na velocidade limitada a 73 km/h., pois ela vai costeando a Cobham Bay e há muitos pontos bonitos de se apreciar. Claro que, para quem trafega por ela mais frequentemente, essa velocidade cansa. Assim, foi com uma picape nos ultrapassou bem acima do limite. Alguns poucos quilômetros à frente, lá estava ela parada no acostamento com um carro de polícia atrás. Não é fácil escapar...
Deixamos que o GPS nos levasse adiante, e fomos parar na fila para a travessia da baía por uma balsa. Esperamos um pouco, e nesse meio tempo ficamos observando as máquinas de cortar grama de vários tamanhos e para diferentes tipos de terrenos sendo utilizadas. E para dar o acabamento nos detalhes vem um funcionário com uma máquina manual, cortar em volta dos postes. Bem que queríamos ter pelo menos duas dessas máquinas para cortar a grama de nosso jardim. A travessia é rápida, uns oito minutos e o trajeto se chama Jamestown-Scotland.
Interessante é como é rica a fauna por aqui: o que se vê de gaivotas, patos e perus selvagens pelo caminho é impressionante. Lembramos que em Santos, no século passado ainda era possível se ver gaivotas na praia, porém hoje só se vê urubus e pombas.

Essa estrada que seguimos nos levou diretamente pela zona rural, com muitas plantações e criação de gado. E já pudemos notar uma certa mudança nos tipos das casas, nos modelos de carros: é uma área em que, pode-se dizer, o poder aquisitivo já muda (para pior), mas mesmo assim, nota-se que ainda vivem muito bem.


Nesse trajeto cumprimos mais uma 'missão sentimental': passamos por Raleigh, em North Carolina, a primeira cidade que conhecemos nos Estados Unidos há 35 anos (aliás a primeira cidade que conhecemos fora do Brasil). Foi a primeira de muitas viagens que tivemos oportunidade de fazer relacionadas a atividades profissionais na IBM. Fomos até o condomínio de edifícios onde havíamos alugado um apartamento: The Lakes. Hoje esse condomínio está mais bonito do que era, pois as árvores estão mais frondosas e todos os prédios tiveram suas fachadas renovadas. Foi muito bonito rever o local e verificar que a cidade cresceu, mas preserva a natureza.

Ao mesmo tempo tivemos oportunidade de constatar como a memória nos prega peças: lembrávamos de tudo isso, reconhecemos imediatamente o local quando chegamos (graças à Internet e ao GPS, claro).; Entretando, não fazemos a mínima idéia de onde fica o apartamento que usamos em 1996, última vez em que estivemos na cidade!

Continuamos nosso trajeto até Winston-Salem, cidade essa escolhida exclusivamente por ficar a uma distância conveniente para parar e descansar. E na hora de procurar onde comer... fomos parar pela terceira vez seguida no Golden Corral. Agora chega!!!!!!


01-02/10/2011 - Sábado/Domingo: Blue Ridge Parkway

A decisão de atravessar a Carolina do Norte foi única e exclusivamente para motocar nessa estrada chamada Blue Ridge Parkway. É uma estrada de mais de 650 km de extensão, que corre desde o sul da Carolina do Norte até Virginia, ao longo da crista dessa cadeia de montanhas chamada Blue Ridge, parte das montanhas Apalaches.

O dia começou com um choque que havia sido anunciado no dia anterior mas cuja dimensão não imaginávamos: uma onda fria chegou no fim-se-semana. Ontem já usáramos agasalho para sair para jantar e hoje ao sair do hotel levamos uma bela pancada: temperatura de 15ºC. Adicionando o efeito do vento (íamos pegar auto-estrada), não estávamos vestidos adequadamente: pusemos balaclava, agasalho, luvas de baixo e vestimos nossas roupas de chuva por cima. Ótima ideia pois a temperatura já tinha caído para 11ºC.

Como sabíamos que o percurso na Blue Ridge seria lento (máxima de 45 m/h, muitas curvas e muitas paradas para apreciar vistas), optamos por entrar num ponto dela perto de Ashville e descê-la até o final sul num dia. No dia seguinte voltaríamos por estrada rápida até esse mesmo ponto e seguiríamos para o norte.

Paramos no Centro de Visitantes e pegamos alguns mapas e orientação com o funcionário. Um dos documentos era um roteiro com tempo estimado para os percursos. Não acreditamos que seriam necessárias 3 horas para andar 130 km, que é a distância de Ashville até Cherokee, mas acabou sendo exatamente o tempo que levamos!

A estrada é realmente um coisa de filme: ela convida a uma tocada leve e relaxada, a vegetação e a vista são maravilhosas, auxiliadas por uma infinidade de mirantes em locais estratégicos. O funcionário do Centro de Visitantes já havia nos avisado, de forma que estávamos preparados para parar e apreciar uma das grandes atrações dessa época do ano: as cores do outono.
Um trecho da estrada já está todo colorido por essa verdadeira explosão de cores que o outono traz por aqui. O ponto mais alto desse lado (sul) da estrada fica a 1845 m., e a temperatura era de 4ºC, devidamente 'incrementada' pelo ventinho gélido. O sol bem que tentava amenizar a sensação, mas sem muito sucesso...

Chegamos em Cherokee às 17h, só querendo saber de jantar e nos aconchegarmos no quarto do hotel com o aquecedor ligado. Para nossa infelicidade não havia restaurante próximo ao hotel: ainda tivemos que montar novamente na moto para comer. Como foi gostoso voltar para o quarto!

Cherokee fica numa reserva dos índios com esse nome, e como todas as reservas indígenas tem cassinos que são explorados pelos índios - eles têm esse privilégio. Há também apresentações formais de espetáculos indígenas e outras mais 'populares': no caminho para o restaurante vimos dois índios em dois diferentes palcos, um dançando e outro tocando uma espécie de flauta, ambos com vestimentas típicas.

No domingo nos agasalhamos ainda melhor (no sábado estávamos sem as segundas peles) e tocamos para o norte, com temperaturas sempre abaixo de 10ºC. Quando saímos chegamos a pensar que sentiríamos calor com todas as camadas que roupa que havíamos vestido, mas assim que começamos a andar pelas montanhas ficamos felizes por ter esses agasalhos.

Voltamos a curtir a beleza da Blue Ridge Parkway, mas com uma leve sensação de repetição agravada por um mala que andava tão devagar que até os americanos, normalmente inacreditavelmente pacientes no trânsito, ultrapassaram o cara em área de faixa contínua.

Num certo trecho da estrada a temperatura estava abaixo de 3ºC, e víamos o que pensávamos serem folhas caindo das árvores na beira da estrada. Mas o estranho é que sob essas árvores havia uma poça d'água, isso com céu azul! Estávamos intrigados com aquelas pocinhas de água, até que depois de uma curva nos deparamos com a encosta do Mount Mitchell, completamente branca!

Ainda custamos um pouco a entender, mas conforme subíamos o morro - havia um restaurante e precisávamos aquecer as mãos - percebemos que era geada!

Num certo trecho da estrada a temperatura estava abaixo de 3ºC, e víamos o que pensávamos serem folhas caindo das árvores na beira da estrada. Mas o estranho é que sob essas árvores havia uma poça d'água, isso com céu azul! Estávamos intrigados com aquelas pocinhas de água, até que depois de uma curva nos deparamos com a encosta do Mount Mitchell, completamente branca!

Ainda custamos um pouco a entender, mas conforme subíamos o morro - havia um restaurante e precisávamos aquecer as mãos - percebemos que era geada!

E uma geada bastante pesada, que havia enchido as árvores com tanto gelo que mesmo àquela hora, já depois do meio dia, ainda estava tudo branco. Os pinheiros pareciam árvores de natal enfeitadas.Temos certeza de que aquele gelo ficou ali até chegar a noite!

O pico do monte fica a 2037 m. de altitude - o restaurante é um pouco mais embaixo - mas não tivemos coragem de ir até lá! Brrrr... só de imaginar dava mais frio. No restaurante lavamos as mãos, ou melhor, deixamos as mãos na água quente por alguns minutos para sentirmos a circulação sanguínea novamente...

Tomamos chocolate quente e uma fatia de cheesecake que estava fantástica!!

Mais aquecidos, ou melhor, menos frios continuamos e passamos por Grandfather Mountain, que foi o primeiro local turístico que conhecemos em 1976, quando aqui estivemos. O que mais atrai nessa montanha é uma ponte pensil a 1600 metros de altura, mas nem chegamos perto, pois com essa temperatura e o ventinho que soprava não queríamos nem tentar imaginar como seria andar sobre ela.

Ainda faltavam mais de 220 quilômetros para chegarmos ao nosso destino e já eram 16h.: não dava para continuar na Blue Ridge com sua média de velocidade em torno dos 50 km/h. E na realidade, por mais bonita que seja a estrada, não teríamos tido muito mais paciência: seriam necessárias umas doze horas para percorrê-la de ponta a ponta, e não acreditamos que aguentaríamos tudo isso.

Saímos do parque e fomos por uma estrada que permitia mais velocidade. No início achamos que o GPS estava maluco, pois nos levou por estradas que cortavam cidades e cuja velocidade máxima era muitas vezes a mesma da Blue Ridge mas com semáforos. Mas enfim, chegamos a Roanoke às 20 h., cansados e tiritando de frio! A raiva do frio era tanta que apesar de haver um restaurante a menos de cem metros do hotel acabamos estourando nosso último saco de pipocas de micro-ondas e encerrando o expediente ali mesmo.
Diários de Bordo