Beth & Heinz Klein

(Moto)viagens

Diário de bordo -  África 2016

Namíbia - Região de Hardap

Próxima página
Próxima página
18
/0
6
/201
6
-
Sábado
:
Aus - Sesriem (Sossusvlei)

Esse dia foi dedicado ao deslocamentoo para nossa próxima parada. Foi também nossa despedida do asfalto por aproximadamente 700 km. Dessa vez tínhamos quase total certeza de terminarmos a viagem confortavelmente à luz do dia.

Essa parte da previsão se confirmou, mas a impressão que tivéramos das estradas de terra no segundo dia de Namíbia foi um tanto abalada pelos primeiros 150 km (dos 380 que percorremos). A estrada aparentemente é mais secundária que as outras, e é cheia de ondulações (como as 'costelas de vaca' que conhecemos no Brasil), tornando a viagem mais lenta e desconfortável, pelo menos com o VW Polo que alugamos... a maioria das pessoas aluga Hilux ou 4x4 similares.

Mas no geral levamos pouco mais que o tempo estimado pelo Google Maps, bem mais que o estimado pelo GPS, que é sempre otimista demais nessas estradas, pois calcula os tempos baseado no limite formal de velocidade (em geral 100 km/h) que nunca conseguíamos atingir.

A hospedagem na região de Sossusvlei (que fica perto da cidade de Sesriem, por isso a referência a ela, mesmo não tendo sequer visto a mesma) é meio estranha: ou você fica num camping ou em hotéis de alto padrão, muito acima do que estamos acostumados a frequentar. Não encontramos hoteis 'médios' a menos de 20-30 km do Namib-Naukluft National Park, que é onde estão as grandes atrações da área.

Não havíamos programado nada para esse dia, de modo que ficamos no hotel - excelente - lutando com o que parece ser a marca registrada da região: WiFi só na recepção, Internet só para Windows e Android (aparelhos Apple nem pensar).

No jantar, que estava incluido na diária, comemos muito mais do que devíamos de um buffet excepcional acompanhado de um grill que oferecia uma infinidade de opções de carnes locais: zebra, eland, orix, gnu, kudu e springbok. Das que comemos (zebra, kudu, gnu, orix) são carnes saborosas mas que se comermos amanhã seguramente não identificaremos - não têm qualquer sabor específico que as diferencie de outras.

E fomos dormir cedo devido ao que nos esperava no dia seguinte...

19
/0
6
/201
6
-
Domingo
:
Sesriem (Sossusvlei)

Hoje o dia começou muito cedo: havíamos reservado um passeio de balão, que, como também no Brasil, começa mais ou menos ao raiar do sol. Aqui isso significa ser recolhido pelo carro da companhia do balão (Namib Sky) às 5h50 com frio de uns 5 graus.

Pontualmente (ah, como é diferente do Brasil: o carro foi pontual e todos os passageiros que participariam já estavam a postos) partimos para um trecho que 30 km (aproximadamente meia hora) até o local de decolagem dos balões. Como é costume pudemos acompanhar o enchimento dos dois balões com ar e finalmente partimos, como 16 passageiros divididos em quatro 'cercadinhos' dentro do cesto, com o espaço central resevado para o piloto (???).

Foi uma hora sobrevoando o deserto que é o Namib-Naukluft Park, apreciando as vistas maravilhosas de cima, acompanhado de excelentes explicações pelo nosso piloto/guia. O vento ajudou muito (bem suave), permitindo manobras um pouco mais ousadas, como subir pela encosta de um morro bem perto do mesmo, dando a impressão de que nos chocaríamos com ele..

O mesmo vento permitiu uma aterragem muito interessante e altamente confortável para o pessoal de terra: com ajuda deles puxando o cesto do balão, este foi depositado diretamente na carreta que o transporta, economizando para o pessoal de terra o trabalho de içar a 1 tonelada que pesa o cesto para cima da carreta. Manobra muito bonita!

E, também tradição no balonismo, fomos recebiidos em terra por um desjejum regado a champanhe. E que desjejum: no meio do deserto: foram montadas duas mesas (uma para cada balão) e um buffet de fazer inveja a muito hotel três estrelas!

Passeio maravilhoso, que apesar de caro valeu muito! E foi ainda mais enriquecido por podermos testemunhar um lindo trabalho da família do proprietário da Namib Sky. Primeiro um pouco sobre ele: Eric Hesemans, nascido no Congo, fugiu de lá para Ruanda durante o governo de Joseph Mobutu e teve que fugir novamente de Ruanda para achar 'seu lugar' na Namíbia há uns 25 anos atrás. Ele foi um dos pioneiros da transformação da região de Sossusvlei num dos principais polos turísticos da Namíbia.

Depois de construir e posteriormente vender dois dos hoteis (lodges) da região, concentrou-se no negócio de balões, que toca não só aqui, mas também em Zâmbia, nos meses de agosto-outubro.

E nos últimos anos ele e a esposa abriram uma escola junto à residência deles no meio do deserto, onde atualmente oferecem pré-escola e os dois primeiros anos da educação formal para aproximadamente quarenta crianças que são recolhidas de até 100 km de distância por veículos deles.

A escola é totalmente financiada por doações e atualmente tem ajuda inclusive da Unicef, e é inteiramente gratuita. Tivemos oportunidade de visitar a escola, com instalações de deixar no chinelo muitas escolas privadas brasileiras, uma coisa difícil de acreditar que se possa encontrar nesse fim de mundo. Trabalho maravilhoso!!!

De volta ao hotel ficamos por lá até o meio da tarde, agora totalmente sem acesso à Internet: até o notebook deixou de acessar a rede. Lá pelas 15h30 pegamos o carro e fomos visitar o Sesriem Canyon, muito menor que o Fish River Canyon mas com uma característica interessante: é fácil descer até o fundo (somente uns 30 metros) e pode-se caminhar alguns quilômetros ao longo dele.

Escolados depois do susto em Giants Playground controlamos cuidadosamente para onde e por quanto tempo andamos, pois não sabíamos onde encontraríamos uma saída e queriamos ter certeza de que, se não encontrássemos essa saída, conseguiríamos retornar ao ponto de entrada antes do por do sol. No fim deu tudo certo, saímos do canyon a mais ou menos um quilômetro de onde havíamos entrado e retornamos por uma picada que demonstrava que não éramos os únicos que saíram por ali.

De resto mais um jantar que tomamos o cuidado de não fazer tão pantagruélico como no dia anterior, pois amanhã temos novamente que levantar cedo!


20
/0
6
/201
6
-
Segunda-feira
:
Sesriem (Sossusvlei) - Swakopmund

Hoje fizemos uma excursão que idealmente deveria ter sido feita ontem: ela é longa (pelo menos umas cinco horas) e ainda tínhamos 340 km. para rodar até Swakopmund. Entretanto, por ter lido no site da Namibian Sky que os vôos  podiam sofrer adiamentos devido a condições climáticas, optamos por fazer primeiro o passeio de balão, de modo a ter um dia para possível adiamento.

Esse passeio pelo deserto até o Sossusvlei propriamente dito (uma depressão que só na estação das chuvas contém água) começa também bem cedo para dar a oportunidade de apreciar o jogo de luz e sombra do sol nascente nas dunas ao longo do caminho.

Já suspeitávamos do que ia acontecer, e nossas suspeitas foram integralmente confirmadas: estávamos adequadamente agasalhados para a temperatura matinal entre 5 e 10 graus, mas não para andar a 60 km/h um veídulo totalmente aberto!!! Para cada passageiro havia duas cobertas bem grossas, e fizemos muito bom uso delas: totalmente embrulhados da cabeça aos pés, só com os olhos de fora.

O guia foi excelente, parando em diversos pontos de interesse para fotos ou explorações, incluindo a 'duna mais fotograda do mundo', a Duna 45. É possível subir essa duna, mas deixamos essa valentia para os mais jovens: é uma bela escalada!

No extremo do percurso paramos para um café da manhã que decepcionou um pouco, principalmente depois da experiência do dia anterior no balão. Afinal o passeio é organizado pela mesma empresa que é proprietária do hotel, e como com essa excursão eles nos privaram de tomar o excelente desjejum oferecido e incluído na diária, esperávamos algo à altura. Enfim...

Na volta ainda paramos para caminhar até o Deadvlei, outra depressão muito interessante. Nessa altura já estávamos em mangas de camisa e suando com o esforço de caminhar nas dunas sob sol perto do meio-dia.

O caminho de volta foi um pouco mais rápido, mas marcado por paradas para fotografar animais. É realmente fascinante a quantidade e variedade de pequenos e médios animais que se encontra por aqui. Nesta região o Oryx, uma variedade de antílope, é o onipresente. Um alemão que estava na excursão até fez piada: quando vírmos alguém fotografando esses bichos podemos saber que são recém-chegados: os mais 'experientes' (24 horas de permanência) já nem ligam mais para fotografá-los.

A paciência e dedicação do Simon (nosso motorista/guia) acabaram atrapalhando um pouco nosso planejamento: a excursão estava prevista para durar de 4,5 a 5 horas, o que significaria estarmos de volta ao hotel em torno do meio-dia. Mas o Simon, ao contrário da maioria absoluta dos guias, não estava nem aí para a hora: parava para mostrar uma planta típica da região, para mostrar um fenômeno até hoje cientificamente inexplicado (fairy circles - https://en.wikipedia.org/wiki/Fairy_circle_(arid_grass_formation).

Graças a essa dedicação acabamos chegando ao hotel quase às 13h30 e até pagar a conta e abastecermos já eram umas 13h45. E agora tínhamos 380 km pela frente, obviamente nas benditas estradas de terra/cascalho. Haviam nos dito que esse trecho era melhor, e o início realmente criou essa impressão. Mas de repente apareceram montanhas, e a velocidade caiu drasticamente. Até havia alguns trechos em asfalto, mas aí a estrada estreitava e continuava serpenteando pelas montanhas, de modo que era praticamente impossível passar (muitas vezes nem chegar) aos 60 km/h.

Quando já estávamos realmente preocupados com o horário (pois no escuro, por melhores que sejam essas estradas não permitem andar tão bem) a estrada melhorou e rodamos os últimos 120-140 quilômetros em torno de 100 km/h. E mais uma vez, chegamos ao hotel em torno de meia hora após escurecer, mas dessa vez numa cidade maior, com iluminação razoável e com opções para parar e perguntar quando o GPS nos enganou por uns 300-400 m: ele dizia que nós já havíamos chegado, mas o hotel ficava mais à frente.

O hotel em que ficamos, muito bom, tem uma característica interessante: ele ocupa o terceiro andar de um conjunto comercial montado em torno de uma academia de ginástica e um complexo de quadras de aluguel.

A chegada no hotel foi uma bonita surpresa: começou pela recepcionista nos desejando feliz aniversário de casamento (realmente esse era o dia). Imediatamente me passou pela cabeça que isso não era uma informação fornecida ao fazer a reserva, mas na hora, cansados, não demos a devida atenção. Mas logo ficou claro o que acontecia: Karen e Daniel, filha e genro que moram na Inglaterra. haviam encomendado um lindo arranjo de flores e uma garrafa de vinho para nos receber nesse dia. Muito emocionante!!!

Supomos que em função desse 'evento' também fomos agraciados com um quarto particularmente bom: além de uma enorme cama king size, ele tinha dois sofás de três lugares com uma mesa de centro (onde nos esperava o presente dos filhos), guarda-roupa, uma escrivaninha e sobrava lugar para se dar um baile! Espetacular!

E no jantar começamos a vivenciar o que caracteriza Swakopmund: é a mais alemã cidade da Namíbia. A língua alemã é falada por muita gente, a começar pela garçonete que nos atendeu. E no cardápio havia Eisbein (joelho de porco) e Spätze (uma massa alemã bastante característica).

Página anterior
Diários de Bordo
Página anterior