Na ocasião (década de 1970) foi a obra privada mais cara da história - ele pertence a um consórcio de companhias petroleiras. De Valdez ele é levado por petroleiros para as refinarias da costa oeste americana.
O oleoduto é revestido de isolamento térmico, e pensamos que isso seria exclusivamente para manter o petróleo líquido. Isso também é verdade, mas o papel principal do isolamento é proteger o ambiente por onde a tubulação passa: o petróleo sai dos poços a uns 49ºC e entra no oleoduto a uns 44ºC. Em contato com o solo onde o oleoduto está enterrado ou sobre o qual ele passa, essa temperatura provocaria o derretimento do solo eternamente congelado (permafrost), que se transformaria num lamaçal, com consequencias ecológicas muito sérias e também tornando o solo instável para o próprio oleoduto.
É uma obra simplesmente impressionante como engenharia e pelo que representa para a economia americana.
Dali fomos até o centro da cidade. A cidade é pequena, com 30.000 habitantes que se encondem não sabemos aonde. Pensávamos até que fosse domingo e não uma segunda-feira. Aliás a distribuição demográfica no Alasca é bem maluca: Anchorage tem uns 330.000 habitantes, e em seguida vêm Juneu e Fairbanks com seus aproximados 30.000. Sobram uns 350.000 espalhados pelo resto, em cidades e vilarejos ainda menores...
Fomos procurar um lugar para comer e esse local ficava no Pioneer Park, mas só abriria às 17 horas. Resolvemos matar o tempo passeando pelo parque, e descobrimos uma área deliciosa da cidade: é basicamente um parque público, com áreas de recreação para crianças, quadra de esportes, campo de minigolfe, um centro de artes - galeria de exposições e teatro, jardins para se passear e um trenzinho que dá a volta no parque.
Completando esse conjunto, há um museu ao ar livre, composto de casas construídas no final do século XIX e início do século XX, que foram transferidas de seus locais originais para esse parque. Elas são usadas como lojas ou pequenos museus que contam diferentes aspectos da história do Alasca. Há também um Museu da Aviação, contando a história desse meio de transporte e seus personagens no Alasca. O acervo é bom, mas como o espaço não é grande, fica muito apertado. Mas vale a pena!
É muito bonito ver como o governo dos Estados Unidos dá importância à educação, à conservação das tradições: esse parque oferece lazer que pode ser associado ao aprendizado da história do estado e do país. Outra particularidade desse povo é a benemerência: em vários museus há um cofrinho para se depositar um donativo, e o povo deposita (também vimos isso no Canadá)!.
Passamos uma tarde muito tranquila aprendendo um pouco mais da história do Alasca em geral e de Fairbanks em particular.
Depois fomos almoçar e foi uma boa pedida esse restaurante, pois além de ser um lugar que recebe muitos turistas, na maioria estadunidenses mesmo, parece que você está fazendo um piquenique, pois a maioria das mesas de madeira, daquelas pesadas, ficam ao ar livre, embaixo de pinheiros e você se serve num buffet de saladas bem variado, com molhos, sopa, pãezinhos quentes, batata assada, costela de boi, salmão, isca de peixe, hot dog, sobremesa, refrigerante, café e chá tudo à vontade por US$ 32,00.
Voltamos para continuar a visita ao parque e encontramos um casal de brasileiros - Patrícia e Renato - uma simpatia, que estão dando um giro por aqui. Hoje aproveitamos o verão até às 21h20min e chegamos até a sentir calor, também com tanta roupa que vestimos, só tinha que dar nisso. Quando comemos, ao ar livre, estávamos só com a camisa segunda pele: que valentes!
09/08/2011 - Terça-feira: Fairbanks - Beaver Creek (CN)
Desde o início do planejamento desta viagem havíamos descartado um programa muito comum entre viajantes que vêm ao Alasca: ir até Prudhoe Bay, onde é extraído o petróleo e que é o ponto mais ao norte do país que pode ser atingido por estrada. São mais de 800 km. de Fairbanks, pelo menos 70% em terra, e não há nada a ver a não ser os poços de petróleo. Decidimos que seriam quatro dias muito trabalhosos e turisticamente pouco produtivos.
Mas aí começam as propostas alternativas: devíamos pelo menos ir até o Círculo Polar Ártico, bem mais próximo de Fairbanks. Havia também a opção de ir até o Continental Divide, crista de montanhas que divide os cursos de água: ao norte todos os rios correm para o Oceano Ártico e ao sul correm para os mares ao sul.
Mas todas essas alternativas foram sumariamente engavetadas em função do tempo: o sol do dia anterior foi devidamente escondido pelas nuvens e a chuva voltou. Optamos por iniciar a viagem de volta, que afinal não é das mais curtas: para chegar à parte mais habitada e movimentada do Canadá, de onde realmente iniciaremos a travessia do país, são aproximadamente 3.000 km.!
Decidimos então dizer adeus ao Alasca, com uma ponta de tristeza no coração, apesar do frio: foram 13 dias em um estado só, vendo as belezas dos lugares, vendo imigrantes de vários países tentando um novo começo, tudo muito interessante e gratificante. Saímos só às 11h com a temperatura de 11*C e chuviscando - e essa chuva perdurou por pelo menos dois terços da viagem.
No caminho vimos outra mamãe alce com seu filhote, mas como estava chovendo muito a máquina fotográfica estava guardada. Ainda paramos para pegá-la, e eles ficaram meio desconfiados mas parados. Aí veio um carro no sentido contrário e eles se assustaram e fugiram. Essa fuga mostrou qual é o grande perigo com esses animais grandes: eles estavam na relva do nosso lado da pista, mas ao invés de fugir para o mato desse lado, atravessaram a pista, bem na frente do carro - é assim que ocorrem os acidentes de que se ouve falar! Foi pena perdermos essa foto, que certamente ficaria muito boa. Mas ficou gravado no coração!