Também é bom contratar um guia: além das informações interessantes, eles conduzem o passeio de forma que se vê as edificações em ordem crescente de atratividade. Se fizéssemos o circuito sozinhos é bem provável que começássemos pela praça principal, o que tornaria os outros pontos um pouco desinteressantes.
Terminamos o passeio pouco depois do meio-dia, mas acabamos esperando até quase 14h00 para voltar: esse era o horário originalmente marcado para o retorno, e as outras pessoas que estavam conosco na van resolveram almoçar no restaurante do sítio. Ainda bem que encontramos uma boa sombra para nos esconder um pouco do calor.
Quando voltamos para o hotel começamos a nos perguntar quantas ruínas maia ainda tínhamos disposição para visitar. Chichén Itzá já havíamos riscado: seria necessário uma bela volta por Yucatán para ver exclusivamente essa pirâmide, e ainda havia Palenque, no México, previsto. Gostamos de história, mas até que ponto consegue-se apreciar devidamente tantas ruínas? Bem, ainda tínhamos tempo para decidir.
12/06/2011 - Domingo: El Remate - Ladyville (BZ)
Havíamos conversado com algumas pessoas que nos desencorajaram um pouco em relação a Belize. Lendo os guias turísticos também ficou a impressão de que o que esse país tem a oferecer em termos de turismo está nas ilhas, e para chegar lá tem-se que tomar um avião ou lancha rápida. Também ouvimos e confirmamos pela Internet que hotéis são bem mais caros em Belize.
Decidimos em princípio seguir até perto da cidade de Belize, e depois ver como continuar.
Saímos de El Remate um pouco preocupados porque sabíamos que encontraríamos trechos de estrada em terra, mas não conseguíramos obter informações mais claras sobre sua extensão e estado. O David mencionou que chuva poderia piorar esses trechos, e havia chovido muito nas duas noites que passamos em El Remate.
No fim foram três trechos totalizando uns seis quilômetros, o mais longo deles de uns quatro quilômetros, de terra batida com algum cascalho. Razoavelmente fácil, conseguimos passar sem problemas. Na cidade de Melchor de Mencos abastecemos para evitar comprar gasolina em Belize, bem mais cara.
E vamos a mais uma fronteira. A saída da Guatemala foi muito tranquila e rápida, para a migração a Beth nem teve que se apresentar no balcão e na aduana foi só entregar o documento de autorização e o adesivo.
Em Belize mudei de nacionalidade: a partir daqui viajo com o passaporte alemão, basicamente para reduzir custos: com esse passaporte evito tirar vistos para os países a que ainda vamos. Isso começou em Belize: sabíamos que a Beth precisaria comprar o visto na fronteira, e também sabíamos que isso custaria US$ 50,00. Também desconfiávamos que seria necessária uma foto, e tínhamos certeza de ter trazido uma, mas quem disse que a encontramos. A opção era revirar toda a babagem para tentar achá-la ou voltar até Melchor de Mencos para tirar a tal foto.
Optamos pela segunda opção, e fomos atrás de um taxi que nos levasse lá para resolver essa questão. O primeiro 'facilitador' que se apresentou pediu US$ 20,00 e fomos com ele, mas conforme caminhávamos aparecia mais gente oferecendo o mesmo serviço, e o valor mais mencionado era US$ 10,00 - para a corrida de taxi mais fotos.
Dispensamos o cara dos US$ 20,00, que ficou esbravejando com os outros porque o impediam de ganhar seu dinheirinho (acho que esqueceu que entendíamos) e tomamos um taxi que resolveu tranquilamente o problema. Ele deve ter ganho o dia, mas não estávamos em posição de regatear muito. No último instante antes de embarcar nesse taxi ainda apareceu um outro dizendo que faria tudo por US$ 8,00, mas aí decidimos não mudar mais.
Quando estávamos entrando no taxi para voltar à fronteira começou a chover, e tivemos que nos molhar um tanto, porque o taxi era obrigado a nos deixar em território guatemalteco (aliás, observe-se que voltamos à Guatemala para fazer as fotos, mesmo já tendo saído - e provavelmente ninguém percebeu) e tivemos que caminhar na chuva até o posto de Belize.
Ah, quando se chega a Belize é necessário fumigar o veículo. Passamos pelo corredor de pedestres (se eu passasse com a moto pela área de fumigação seria fumigado junto com ela) e tivemos que pagar US$ 4,00 para não sermos fumigados. Entenderam? Nós também não, mas optamos por não criar caso nesse tipo de situação - atravessar essas fronteiras já é suficientemente chato, não precisamos complicar ainda mais por essa quantia.
Completamos os procedimentos sem maiores percalços e seguimos para fazer o seguro da moto - isso é feito depois da aduana, mas é obrigatório - claro que você só terá problemas se for parado pela polícia. Em Belize você compra o seguro por dia, então pudemos comprar somente para dois dias. Mas bem caro: US$ 18,00.
Pronto estávamos em Belize. Pegamos a estrada, sem roupa de chuva, pois o céu mais à frente estava claro. Decisão acertada, pois pouco depois parou de chover. E teríamos derretido com roupa de chuva, pois a temperatura continuava altíssima. Os primeiros cinquenta quilômetros até a entrada de Belmopan são bem chatos, pois há uma infinidade de vilarejos, devidamente acompanhados por reduções de velocidade legais (placa) e físicas (lombadas).
Uma característica única de Belize em relação ao resto da América Central (e Latina) é o sistema inglês de medidas: milhas, galões, temperaturas em graus Farenheit, etc.. É curioso andar num país daquele tamanho, encravado num continente onde se fala espanhol e que também fala espanhol, com esse sistema de medidas. Mas há coisas mais malucas ainda: na Colômbia, Panamá, Honduras, San Salvador e Guatemala o sistema de medidas é métrico... mas gasolina é vendida em galões. Vá se entender...
De Belmopan a Belize a estrada melhora, fica mais deserta, e a viagem rende bem. Decidíramos não dormir em Belize, e nosso destino era a cidade de Ladyville, a uns dez quilômetros de Belize na estrada que vai à fronteira com o México.