Sempre sonhamos em rodar por aí quando pendurássemos as chuteiras, mas originalmente nossa idéia era fazer isso com um motor-home. Com nossa experiência prévia na Europa e nos Estados Unidos, concluímos que uma moto seria fundamental para viabilizar a movimentação entre o camping e as cidades a visitar.
Decidimos então, em 2000, comprar uma moto e começar a explorar essa forma de locomoção como preparação para realizar o sonho. Mas ao invés de comprar uma moto leve para levar atrás de um motor-home, compramos uma Shadow 600! Começamos muito de leve, e antes de realmente conseguirmos fazer viagens com ela eu (Heinz) fiquei doente e impossibilitado de pilotar por quase um ano. Nem temos fotos dessa moto. Pena, pois afinal foi com ela que tudo começou!
Quando voltamos a passear, em 2002, resolvemos comprar uma moto um pouco maior, basicamente para ter mais conforto e espaço para bagagem: uma Drag Star 1100. Com essa fizemos algumas viagens, mas todas relativamente curtas: dentro do Estado de São Paulo, raramente passando de 300 km num dia.
Em 2004 fomos passear em Caxambú, para um encontro de motos. Na viagem éramos quatro motos: uma Shadow 600, nossa Drag e duas VStrom. Paramos à beira da estrada devido e um problema e enquanto esperávamos pela solução começamos a conversar sobre as motos e pedi para dar uma voltinha numa das VStrom. O companheiro da Shadow me advertiu para não fazer isso, com o argumento de que "você vai vender sua moto!".
É, ele tinha razão: não andei nem três quilômetros com a moto mas me apaixonei imediatamente pela suspensão da big trail. A partir daí foi uma questão de tempo para decidir qual delas comprar. O cardã foi um fator importante, pois estava acostumado com esse conforto de manutenção na Drag e não queria voltar a andar em moto com corrente. O difícil foi racionalizar o custo de uma BMW, naquela época a única big trail com eixo cardã. Mas fui envelhecendo a moto até chegar a uma que considerei 'comprável': uma R 1100 GS 1999.
Com essa moto começaram as viagens de verdade. A primeira, para testar equipamento e a nós mesmos, foi à Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina. Foi a primeira vez que passamos aproximadamente dez horas na estrada, e uma confirmação de que poderíamos enfrentar jornadas desse tipo.
Após essa viagem ficou muito mais fácil planejar e encarar um ou dois milhares de quilômetros, e foi o que fizemos. Mas em julho/2006, imediatamente após voltar de um giro que incluiu Barra Bonita e Caldas Novas, esse prazer sofreu uma interrupção: sofremos um acidente causado por mim (uma monstruosa barbeiragem). O resultado foram três meses sem sair de casa e mais dois meses sem motocar. Felizmente a Beth não sofreu nenhuma fratura e se recuperou rapidamente.
Por outro lado, o prazer de montar novamente numa moto após esse acidente foi tão grande que não ficou nenhuma dúvida de quanto gostamos de fazer isso. A moto mudou um pouco de cara, pois aproveitei o conserto para fazer uma reforma geral nela, inclusive mudando a cor.
Depois disso, e após algumas outras viagens mais curtas, em 2006 partimos para a viagem à região dos lagos no Chile, a nossa primeira grande viagem.